Estudo transversal da saúde física e funcional de agricultores expostos a agrotóxicos: uma aplicação do modelo biopsicossocial da CIF na perspectiva da fisioterapia

Abstract

Introdução: A investigação das condições e riscos ocupacionais através de uma abordagem biopsicossocial no diagnóstico da condição de saúde dos trabalhadores rurais é geralmente negligenciada nos serviços de saúde. Consequentemente, algumas incapacidades funcionais não são identificadas. Objetivo: Avaliar a saúde de trabalhadores agrícolas por meio da perspectiva da fisioterapia aplicando o modelo de Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que possui um modelo biopsicossocial de domínios múltiplos e relacionados. Identificar as áreas da saúde funcional mais debilitadas e determinar a sua influência na atividade laboral. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com abordagem descritiva e analítica realizado em trabalhadores agrícolas expostos a agrotóxicos. Resultados: Participaram do estudo 99 agricultores. Observou-se que o domínio função corporal apresentou maiores prejuízos, onde a dor foi a incapacidade predominante nos agricultores, com impactos no trabalho (domínio participação), e consequente piora da qualidade de vida (em maioria abrangendo os fatores contextuais). Conclusão: A CIF pode ser utilizada não só pela fisioterapia mas também pelas equipes multidisciplinares de saúde para identificar as incapacidades funcionais complexas na saúde do trabalhador rural. Pode ser utilizada também na vinculação da situação de saúde do trabalhador com as condições ocupacionais, bem como, na vinculação de tais incapacidades com os diversos aspectos envolvidos na vida dos trabalhadores e do seu coletivo.

Prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em agricultores do oeste do Paraná

“…Um estudo realizado no município de Lagarto, estado de Sergipe, com o objetivo de determinar a incidência, intensidade e características da dor e seu impacto no trabalho com 157 agricultores e usando o mesmo instrumento, constatou que 34% apresentaram descritores avaliativos, seguidos por miscelânea (30%), afetivos (18%) e sensitivos (18%). (24) O mesmo questionário aplicado em 27 trabalhadores da linha de montagem (18 homens e 9 mulheres) do setor da indústria de material escolar identificou que as mulheres escolheram mais palavras (17,00 ± 2,59) do que os homens (13,33 ± 3,16) e também apresentaram valores médios de classificação mais elevados (p < 0,05) nas categorias sensorial e miscelânea. (25) A literatura científica demonstra a importância em desenvolver novos estudos com relação à saúde dos agricultores, em razão das atividades que exercem (rotinas intensas de trabalho, cargas exageradas, posturas inadequadas associadas a movimentos repetitivos) sendo atribuições de alto risco.…”