Estudo de caso dos repertórios interpretativos empregados na construção de posicionamentos contrários ao sistema de cotas raciais nas universidades públicas brasileiras em comentários na internet
“…O critério para seleção dos textos e comentários foi que não houvesse necessidade de cadastramento nos sites eletrônicos para obtê-los, sendo o material de domínio público (FONSECA, 2014). Por serem materiais que permitem consulta direta e disponibilidade irrestrita, apresentamos os comentários e a identificação dos usuários (nomes e fotos) tais como constavam nas fontes à época da pesquisa.…”
Resumo: Este artigo se propõe a analisar a persistência e a reprodução da supremacia branca a partir de comentários na internet sobre esporte. Foram selecionados comentários de cinco textos publicados entre 2009 e 2016 que abordaram o tênis, escolhido por ser historicamente um esporte com hegemonia de atletas brancos, e, mais especificamente, pelo desempenho da atleta Serena Williams. Como resultados, observamos que a supremacia branca se faz presente no esporte, mesmo quando não há referências diretas à raça-etnia, na deslegitimação de denúncias e nos olhares sobre performances e corpos brancos e negros. Ademais, constatou-se que o esporte é também local de produção de discursos sobre a supremacia branca, uma vez que a ênfase no biológico e nos essencialismos culturais incentiva interpretações sobre a presença/ausência e desempenho de atletas brancos e negros que revisitam mitos políticos construídos pelo racismo científico do século XIX.Abstract: This article looks into the persistence and reproduction of white supremacy from internet comments about sport. Comments were selected from five texts published between 2009 and 2016 about Tennis, chosen for being a sport with historical hegemony of white athletes and more specifically because of Serena Williams's performance. We found that white supremacy is present in sports, even when there are no direct references to race-ethnicity, when complaints are delegitimized and on the views of white and black bodies and performances. Moreover, sport is also a place for discourse production about white supremacy since the emphasis on biological aspects and cultural essentialisms encourages interpretations on the presence/absence and the performance of white and black athletes that revisit political myths built by nineteenth century scientific racism.Resumen: Este artículo tiene como objetivo analizar la persistencia y la reproducción de la supremacía blanca a partir de comentarios sobre deporte en internet. Seleccionamos comentarios de cinco textos publicados entre 2009 y 2016 abordando el Tenis, escogido por ser históricamente un deporte con hegemonía de atletas blancos, y más específicamente, el rendimiento de la atleta Serena Williams. Como resultado, se encontró que la supremacía blanca está presente en el deportes, incluso cuando no hay referencias directas a la raza-etnia, en la deslegitimización de denuncias y en las miradas sobre las performances y cuerpos de blancos y negros. Además, se constató que el deporte es también un lugar de producción de discursos sobre la supremacía blanca, ya que el énfasis en los aspectos biológicos y en los esencialismos culturales alienta interpretaciones sobre la presencia/ausencia y el rendimiento de atletas blancos y negros, revisitando mitos políticos construidos por el racismo científico del siglo XIX.
“…O critério para seleção dos textos e comentários foi que não houvesse necessidade de cadastramento nos sites eletrônicos para obtê-los, sendo o material de domínio público (FONSECA, 2014). Por serem materiais que permitem consulta direta e disponibilidade irrestrita, apresentamos os comentários e a identificação dos usuários (nomes e fotos) tais como constavam nas fontes à época da pesquisa.…”
Resumo: Este artigo se propõe a analisar a persistência e a reprodução da supremacia branca a partir de comentários na internet sobre esporte. Foram selecionados comentários de cinco textos publicados entre 2009 e 2016 que abordaram o tênis, escolhido por ser historicamente um esporte com hegemonia de atletas brancos, e, mais especificamente, pelo desempenho da atleta Serena Williams. Como resultados, observamos que a supremacia branca se faz presente no esporte, mesmo quando não há referências diretas à raça-etnia, na deslegitimação de denúncias e nos olhares sobre performances e corpos brancos e negros. Ademais, constatou-se que o esporte é também local de produção de discursos sobre a supremacia branca, uma vez que a ênfase no biológico e nos essencialismos culturais incentiva interpretações sobre a presença/ausência e desempenho de atletas brancos e negros que revisitam mitos políticos construídos pelo racismo científico do século XIX.Abstract: This article looks into the persistence and reproduction of white supremacy from internet comments about sport. Comments were selected from five texts published between 2009 and 2016 about Tennis, chosen for being a sport with historical hegemony of white athletes and more specifically because of Serena Williams's performance. We found that white supremacy is present in sports, even when there are no direct references to race-ethnicity, when complaints are delegitimized and on the views of white and black bodies and performances. Moreover, sport is also a place for discourse production about white supremacy since the emphasis on biological aspects and cultural essentialisms encourages interpretations on the presence/absence and the performance of white and black athletes that revisit political myths built by nineteenth century scientific racism.Resumen: Este artículo tiene como objetivo analizar la persistencia y la reproducción de la supremacía blanca a partir de comentarios sobre deporte en internet. Seleccionamos comentarios de cinco textos publicados entre 2009 y 2016 abordando el Tenis, escogido por ser históricamente un deporte con hegemonía de atletas blancos, y más específicamente, el rendimiento de la atleta Serena Williams. Como resultado, se encontró que la supremacía blanca está presente en el deportes, incluso cuando no hay referencias directas a la raza-etnia, en la deslegitimización de denuncias y en las miradas sobre las performances y cuerpos de blancos y negros. Además, se constató que el deporte es también un lugar de producción de discursos sobre la supremacía blanca, ya que el énfasis en los aspectos biológicos y en los esencialismos culturales alienta interpretaciones sobre la presencia/ausencia y el rendimiento de atletas blancos y negros, revisitando mitos políticos construidos por el racismo científico del siglo XIX.
“…Se as coisas fossem assim de fato, pesquisas como a de Fonseca (2014), que mostram, entre outras coisas, a falta de méritos como argumento contrário ao sistema de cotas nas universidades públicas, e a de Schucman (2014), que aborda a branquitude e as conformações discursivas que as noções de supremacia branca podem adquirir, não seriam possíveis.…”
Section: De Acordo Com Lamarca E Vettore (2017)unclassified
O presente trabalho propõe oferecer uma síntese de textos selecionados a partir de um amplo levantamento publicado pela Edições Câmara no ano de 2017, sobre a condição do negro no Brasil. Para este estudo, privilegiamos a questão da universidade no contexto das relações étnico-raciais. O estudo reuniu uma bibliografia abrangente e diversificada que serviu para alicerçar a revisão de literatura e a construção de um dos eixos de um o trabalho em andamento no projeto POLITICS - A política de antirracismo na Europa e na América Latina: produção de conhecimento, decisão política e lutas coletivas. O estudo é oportuno para a reflexão e alicerçar novos trabalhos sobre a temática das relações étnico-raciais nas sociedades contemporâneas, aprofundando o conhecimento sobre raça, e antirracismo, proporcionando uma maior compreensão sobre a forma como as injustiças historicamente enraizadas estão a ser questionadas por instituições, em particular a universidade.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.