Estudo Comparado da Gestão das Visitações nos Parques Estaduais Turísticos do Alto da Ribeira (PETAR) e Intervales (PEI)

Abstract

ResumoO objetivo primário desta pesquisa é investigar porque dois parques estaduais relativamente semelhantes (PETAR e PEI) apresentam graus de conservação tão distintos. A hipótese central é que as diferenças podem ser explicadas em função das gestões diferentes, ou seja, o PEI é mais conservado que o PETAR, pois sua gestão é conduzida pela Fundação Florestal com a participação da comunidade local através de uma cooperativa. A análise dos dados e do resultado da pesquisa de campo nos leva a concluir que o PETAR está sofrendo um processo de deterioração de suas cavernas abertas à visitação e de seu entorno fruto do turismo desordenado, configurando assim a incidência da tragédia dos comuns. Já no caso do PEI foi constatada uma visitação mais controlada e limitada e, portanto, um grau de preservação do complexo turístico bastante superior. Conclui-se que o modelo de gestão no qual o PEI é vinculado a Fundação Florestal ajuda a explicar o melhor grau de conservação do parque em relação ao PETAR administrado pelo Instituto Florestal.Palavras-Chave: PETAR; PEI; gestão de visitações; turismo sustentável; tragédia dos comuns.

Brioflora do Parque Estadual Intervales, São Paulo, Brasil: uma importante área para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica do Sudeste brasileiro

“…O PETAR é coberto por Mata Atlântica, com trechos de vegetação secundária em regeneração e outros alterados pela presença de bambus; também apresenta campo antrópico, afloramentos de rocha e áreas de uso antrópico (Ivanauskas et al, 2012;Visnadi, 2013b). O PEI é mais conservado em relação ao PETAR, pois nele a visitação é mais controlada e limitada, apresentando Mata Atlântica de encosta com pouca intervenção antrópica, e tem conseguido conciliar o ecoturismo com a preservação ambiental (Zipparro et al, 2005;Sarfati & Sano, 2012).…”

“…O Parque Estadual Intervales (PEI) compõe parcela importante da reserva da biosfera da Mata Atlântica, pois forma, com outras unidades de conservação, o Continuum Ecológico de Paranapiacaba, uma das sete maiores áreas contínuas de Mata Atlântica identificadas no país, com mais de 120 mil hectares de extensão (Sallun Filho et al, 2010;Ivanauskas et al, 2012;Sarfati & Sano, 2012).…”

“…O PEI localiza-se na serra de Paranapiacaba, entre os vales dos rios Paranapanema e Ribeira de Iguape, abrangendo parte dos municípios de Eldorado Paulista, Guapiara, Iporanga, Ribeirão Grande e Sete Barras, além de Apiaí e Capão Bonito, na zona de Amortecimento (24º 12' a 24º 32' S e 48º 03' a 48º 32' W), ao sul do estado de São Paulo, onde ocupa uma área de 41.704, 27 hectares (Pepinelli et al, 2005;Sallun Filho et al, 2010;Ivanauskas et al, 2012;Sarfati & Sano, 2012).…”

“…As terras da Fazenda Intervales tornaram-se parque estadual, com área delimitada, através dos decretos estaduais de nº 40.135 de 08/06/1995 e de nº 44.293 de 04/10/1999, e da lei estadual de nº 10.850, de 06/07/2001, que consideram prioritários o desenvolvimento sustentável regional e a conservação da natureza no Vale do Ribeira, com extensas áreas de mananciais, significativos sítios espeleológicos e frágeis encostas cobertas pela Mata Atlântica (Rodrigues et al, 2008;Sallun Filho et al, 2010;Sarfati & Sano, 2012).…”

“…O PEI tem conseguido conciliar o ecoturismo com a preservação ambiental, pois também apresenta 13 cachoeiras, dois mirantes e pode ser percorrido através de 25 roteiros de visitação, mas apenas parte da área total do parque é aberta à visitação pública. Além disso, a infraestrutura turística do PEI é limitada, o que naturalmente restringe o número de visitantes (Sallun Filho et al, 2010;Sarfati & Sano, 2012).…”