Estratégia cirúrgica para tratamento de fratura de côndilo mandibular

Abstract

Os traumas na região mandibular que resultem em fraturas do processo condilar da mandíbula podem levar a alterações não somente no desenvolvimento facial, como na oclusão dentária e na movimentação da articulação temporomandibular (ATM). Desse modo, o diagnóstico das fraturas e a indicação do tratamento devem ser precisos para se evitar as disfunções dessa articulação ou ainda sequelas mais graves que alterem o crescimento da face e da mandíbula ou impossibilitem a abertura satisfatória da boca, como as anquiloses temporomandibulares. Neste artigo é relatado um caso clínico de uma fratura de côndilo mandibular direito, no qual a paciente apresentava desvio em abertura bucal máxima, queixas álgicas relacionada a abertura bucal além de limitação na abertura bucal e desoclusão dentária que foi tratada cirurgicamente através da fixação da fratura. Após um ano de pós-operatório o paciente evolui com uma abertura bucal satisfatória sem desvio, sem queixas álgicas e uma oclusão estável.

Fratura unilateral de côndilo mandibular: relato de caso clínico-cirúrgico

“…Conforme consenso da literatura, as fraturas mandibulares são consideradas o segundo tipo de fratura bucomaxilofacial mais comum, sendo 36-70% dos casos de traumas faciais, acometendo principalmente o sexo masculino, e em maior frequência a faixa etária entre 20 a 29 anos (Akabane et al, 2017;Fernandes et al, 2021;Rodrigues et al, 2018).…”

“…É necessário que o profissional realize uma anamnese e um exame clínico da mandíbula de forma minuciosa, investigando a presença de sinais/sintomas mais associados às fraturas de mandíbula, como mobilidade atípica e crepitação durante a manipulação mandibular, edema, limitação da abertura bucal, assimetria facial, maloclusão, parestesia e dor (Akabane et al, 2017;Fernandes et al, 2021;Fonseca, 2015;Rodrigues et al, 2018). A paciente em questão apresentou-se com esses sinais e sintomas descritos, consoando-se a literatura.…”

“…As fraturas faciais são frequentes e significativas no âmbito do trauma, pois apresentam sequelas físicas, psicológicas e socioeconômicas intensas para o paciente (Akabane et al, 2017;Fernandes et al, 2021;Rampaso et al, 2009). A literatura revela predominância do gênero masculino, em uma proporção que varia de 3,7:1 a 5:3 e a maioria das fraturas mandibulares ocorrem em pacientes com idades entre 11 e 30 anos (Andrade Filho et al, 2000;Fernandes et al, 2021;Sarmento et al, 2007).…”

“…Dentro das fraturas maxilofaciais, as fraturas de côndilo apresentam grande incidência, por volta de 39,75% (Akabane et al, 2017). As fraturas condilares são únicas entre as lesões desta região, já que afetam a função mandibular de modo diferente das outras lesões traumáticas, em virtude do desarranjo funcional que pode afetar a oclusão, a mastigação, as vias respiratórias e a fala, resultantes das mudanças posicionais dos côndilos mandibulares (Barbosa et al, 2021;Fernandes et al, 2021;Miloro et al, 2008).…”

“…Dependendo da localização anatômica, as fraturas do côndilo podem ser classificadas em fraturas da cabeça do côndilo, fraturas do colo do côndilo e fraturas subcondilares (Fernandes et al, 2021;Miloro et al, 2008) por imagem, é possível determinar o grau, o deslocamento do segmento e o nível anatômico da fratura em: intracapsular, subcondilar alta ou subcondilar baixa. Geralmente, apresenta um deslocamento ântero-medial pela ação do músculo pterigóideo lateral e raramente apresenta um deslocamento lateral, superior e posterior (Akabane et al, 2017;Barbosa et al, 2021;Fernandes et al, 2021;Miloro et al, 2008).…”