A tradução está perdendo o estigma de não combinar com o ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira. Porém, ainda há poucas reflexões sobre os diferentes usos didáticos e metodológicos da tradução nesse contexto. O Quadro Europeu Comum representa uma base interessante, entretanto limitada, para se pensar sobre o papel da “mediação linguística” no ensino de línguas estrangeiras no Brasil. Neste artigo, discutimos as diferenças entre a situação europeia na qual e para a qual o Quadro foi desenvolvido e o contexto brasileiro onde esse documento vem ganhando influência. Partindo da definição da “compreensão do estrangeiro” – nos moldes teóricos propostos por Claus Altmayer (2004) – como sendo um objetivo didático, discorremos sobre o uso de atividades tradutórias num sentido mais amplo do que o proposto no Quadro, levando em consideração as especificidades brasileiras de ensino. Com base nessa discussão, sugerimos reflexões e pesquisas mais abrangentes sobre a complexidade do ato tradutório e os benefícios da tradução no ensino de línguas estrangeiras no nosso país.