RESUMOO presente estudo teve como objetivo investigar o uso que vem sendo feito das chamadas comunidades virtuais. Entrevistamos membros de algumas comunidades e constatamos que, nelas, muitas vezes desconhecidos se aproximavam e iniciavam uma relação de amizade. Os ambientes das comunidades investigadas, contudo, não ofereciam recursos para o aprofundamento dessas relações, pois não disponibilizavam espaços ou recursos que permitissem a interação de poucas pessoas ou até mesmo de apenas duas. Por esse motivo, quando desejavam se aproximar mais intimamente de outros membros, os participantes dessas comunidades virtuais recorriam a ambientes complementares, tais como o MSN e o Skype. Palavras-chave: comunidades virtuais; redes sociais; internet; intimidade.
ABSTRACT How to satisfy our needs to interact online at different levels of intimacy?A study of communication in virtual communities This study aimed at investigating the current use of the so-called virtual communities. Members of some communities were interviewed. It became clear that, in these communities, it often happened that strangers met people with whom they wanted to be friends. The environments of the communities investigated, however, did not offer means for deepening these relationships, because they did not make available spaces or tools that would allow few or even just two people to interact intimately. For this reason, when they wanted to get closer to other members, the participants of these virtual communities turned to complementary environments such as MSN and Skype. Keywords: virtual communities; social networks; internet; intimacy. * Endereço para correspondência: Mariana Santiago de Matos-Silva -marianasantiagodematos@gmail.com Por mais diferentes que as sociedades possam ser, sua existência é prova de que formar grupos é uma necessidade da espécie humana. Para Trotter (1919Trotter ( / 1953, essa necessidade é como um "instinto gregá-rio", tão inato no ser humano como os instintos de autopreservação, nutrição e reprodução. Já Simmel (1910Simmel ( /1949 afirma que o que leva as pessoas a se unirem é um "impulso para a sociabilidade". De acordo com sua visão, este impulso faz com que a principal motivação para a agregação resida na satisfação obtida a partir do simples fato de alguém se sentir associado a outras pessoas. Um dos tipos de grupos que surgem em consequência do "instinto gregário" ou do "impulso para a sociabilidade" são as comunidades. De acordo com Nisbet (1973), o termo comunidade "abrange todas as formas de relacionamento caracterizadas por um grau elevado de intimidade pessoal, profundeza emocional, engajamento moral, coerção social e continuidade no tempo" (Nisbet, 1973, p. 255). Na era pré-industrial, as comunidades feudais eram os pilares dos relacionamentos sociais (Nisbet, 1973). Então, as comunidades eram frequentemente fechadas, dado que eram constituídas por pessoas que pertenciam a uma mesma família, habitavam um mesmo local e/ou compartilhavam as mesmas crenças (Nisbet, 1966). A Revolução