“…Embora os epônimos façam parte da nomenclatura médica, o seu uso tem gerado inúmeras questões, tais como: (a) as divergências sobre a eficácia do uso de epônimos no processo de comunicação e ensino médicos (DUQUE-PARRA, BARCO-RIOS; ALDANA-RUEDA, 2016); (b) a ocorrência da "eponimofilia", isto é, a afinidade exagerada no uso de epônimos em algumas especialidades médicas como a Reumatologia e a Neurologia (WOYWODT; LEFRAK; MATTESON; 2010); (c) as implicações éticas decorrentes de epônimos de cientistas que se dispuseram a participar de vários programas nazistas de experimentação humana, esterilização forçada em nome da eugenia, eutanásia e genocídio (VAJDA; DAVIS; BYRNE, 2015;CZECH, 2018;SLAGSTAD, 2019); (d) a eponimização de doenças que incluem localizações geográficas ou grupos étnicos, e deste modo contribuem para estigmatizar comunidades, além de fomentar o racismo, o chauvinismo e a xenofobia, conforme enfatizado pela World Health Organization (2015,2019,2021) e por De Stefani (2021); (e) a redução do uso de epônimos no século XXI motivada pelos impactos dos estudos multicêntricos, de coorte e medicina baseada em evidências, e pela participação de cientistas em várias equipes de pesquisa, o que pode acirrar a competição de cientistas por diferentes epônimos que denotam o mesmo conceito (KOSHLAKOV et al, 2019;NIERADKO-IWANICKA, 2020). Esses exemplos mostram que há muitas razões para o abandono do uso de epônimos ou para desencorajar tal nomeação, apesar da rica história e legado que um epônimo traz.…”