Enxaqueca Crónica e Refratária: Como Diagnosticar e Tratar

Abstract

Migraine is highly prevalent and carries a significant personal, social and economic burden. It is the second cause of disability (years living with disability) worldwide and the first cause under 50 years of age. Chronic migraine (occurring for more than 15 days a month) and refractory migraine (treatment resistant), especially when there is also analgesic overuse, are the most disabling forms of migraine. These three disorders (chronic migraine, refractory migraine and medication overuse headache) are particularly difficult to treat. This article reviews their epidemiology, clinical presentation, diagnostic criteria, risk factors, comorbidities and social and personal impact. The therapeutic options available are discussed and focused on a multidisciplinary approach, non-pharmacological interventions treatment of comorbidities and avoiding analgesic overuse. Prophylactic treatments are mandatory and include the oral prophylactic treatments (topiramate), botulinum toxin type A and the novel monoclonal antibodies against calcitonin gene related peptide or its receptor, which are the first migraine preventive medicines developed specifically to target migraine pathogenesis. In refractory cases, multiple therapies are required including neurostimulation.

Uso terapêutico da toxina botulínica para o tratamento da enxaqueca crônica

“…A enxaqueca crônica também faz um diagnóstico diferencial da cefaleia crônica primária, especialmente a cefaleia do tipo tensional crônica, que é difícil de diferenciar porque a enxaqueca crônica pode ser semelhante à cefaleia do tipo tensional e experimentada como uma dor repentina, aguda, bifacial e semelhante, não acompanhada de outros sintomas, exceto fonofobia ou fotofobia e náuseas, não agravada por esforço físico e não dificultando as atividades diárias. (PARREIRA, et al, 2020).…”

O que é a enxaqueca crónica? Ó? Princípios fisiopatológicos e abordagem terapêutica

“…Tal como previamente referenciado, as alterações neuroplásticas que contribuem para a hipersensibilização das aferências trigeminais são críticas para o desenvolvimento de uma enxaqueca crónica. Entre elas encontra-se a hiperexpressão de recetores vaniloides de tipo 1 (TRPV1) em pequenos neurónios sensitivos existentes na parede das artérias do escalpe 23 . A estimulação destes recetores conduz à libertação de CGRP e de substância P (SP), o que contribui, dado o seu potencial vasoativo, para a excitação do sistema trigeminovascular e, com isso, para a sensibilização periférica da nociceção.…”

“…A gestão do doente com enxaqueca crónica é o desafio mais complexo no tratamento da enxaqueca, dado que implica pessoas com alto impacto de doença e que, frequentemente, têm mais do que uma comorbilidade associada, que contribui para a perpetuação do problema -as mais frequentes sendo as perturbações psiquiátricas já citadas, a utilização excessiva de medicamentos, os problemas do sono (incluindo apneia) e o excesso de peso, síndrome metabólica, lesões traumáticas da cabeça e pescoço, outras síndromes dolorosas, a doença cardiovascular e a asma [22][23][24] .…”

“…Desta forma, a sua avaliação clínica tem de incluir não só a abordagem habitual de diagnóstico da cefaleia e do seu essencial diagnóstico diferencial, mas inevitavelmente a avaliação psicológica, dos hábitos de sono, de estilo de vida, de uso de medicação analgésica e de motivação para o tratamento 23 . O diagnóstico de enxaqueca crónica, já acima explanado, é relativamente simples, muito embora possa ser suportado, em contextos clínicos com menos experiência no diagnóstico de enxaqueca, por instrumentos de identificação rápidos 25 .…”

“…A terapêutica da enxaqueca crónica visa reduzir do impacto desta doença na vida familiar, profissional e social do doente, melhorando a sua qualidade de vida e diminuindo a incapacidade associada a este problema. Em termos pragmáticos, deve-se otimizar a terapêutica aguda das crises, de forma que seja eficiente e não utilizada em excesso e, com a mesma relevância, devem-se instituir medidas preventivas farmacológicas e não farmacológicas, de modo a reduzir a frequência, duração e intensidade das crises 23 . É frequente ser necessário abordar a terapêutica de algumas comorbilidades que contribuem para o agravamento do quadro, sobretudo do sono e humor.…”