Neste artigo, analisamos os tópicos de saúde e higiene fornecidos nos livros didáticos gratuitos, únicos e obrigatórios que circularam no México na década de sessenta do século XX. Para isso, traçamos algumas linhas do contexto que nos permitem inserir o livro e o assunto que nos interessa em suas lógicas de produção: as concepções de infância, o lugar da saúde e da escola nas preocupações do governo federal e a importância da os livros para o projeto de nação. Em seguida, seguimos duas linhas para analisar as questões de saúde e higiene: a disposição do material do livro, seu conteúdo e imagens. Encontrámos uma ligação entre o discurso informativo e o prescritivo através do qual se procurou modificar as concepções e práticas de saúde e higiene tanto das crianças como das suas famílias e comunidades. Esse modelo é coerente com o discurso médico promovido nas instituições de saúde, recria as diferenças de gênero entre meninos e meninas, articula saberes com práticas de higiene individuais e coletivas e favorece os modos de vida da classe média urbana.