Entre a obrigatoriedade e as reformas curriculares: professores e professoras de sociologia do ensino médio paulista

Abstract

Esta tese foi escrita em meio a um triste período da história brasileira. No dia em que fiz a entrevista para ingressar no doutorado, fui também em uma das manifestações de "junho de 2013". Desde então, vários foram os golpes na nossa frágil democracia e parca igualdade social. A primeira presidenta mulher do país foi deposta, uma vereadora carioca foi assassinada, e o único presidente metalúrgico, que fez sua trajetória na cidade em que cresci, São Bernardo do Campo, foi preso. Antes de tudo, agradeço aos que compartilharam a tristeza destes tempos comigo, aos que tentam resistir e que estão na batalha por dias melhores. À Márcia Gobbi. Obrigada pela orientação afetuosa, pelo respeito aos meus tempos e limites, por ter me apresentado tantos autores e ideias, pela profundidade dos diálogos. À professora Aparecida Neri de Souza e ao professor Amauri Cesar Moraes, pela leitura atenta na banca de qualificação; às professoras Débora Goulart e Claudia Galian, por aceitarem participar da defesa. Agradeço a todas por serem fontes de aprendizado com seus textos e obras. À professora Denice Catani que, na disciplina sobre a obra de Bourdieu, com rigor e generosidade, me introduziu a este autor. Desta disciplina, floresceram as amizades com as queridas Monique Voltarelli e Alexandra Pava. Agradeço ao Instituto Federal de São Paulo, por ter me acolhido em seu quadro docente e por ter me dado o suporte material para o doutorado. Aos colegas do campus de Cubatão e aos meus alunos e alunas, que me provocam a aprender diariamente. Agradeço também aos lugares onde já trabalhei, que me deram oportunidades quando era uma professora iniciante, em especial à rede estadual de São Paulo, ao Instituto de Artes da Unesp e ao Departamento de Educação da Ufscar. Aos funcionários das bibliotecas que frequentei durante este período. Nas bibliotecas da FEUSP, da FE-Unicamp, da UFABC e do Museu Reina Sofia, em Madrid, passei a maior parte do meus dias. Graças a estes espaços tão bem cuidados, consegui construir rotinas rígidas, porém prazerosas. Um agradecimento especial aos que, além de serem grandes amigos, contribuíram diretamente com esta tese. Lois Orosa, no uso dos programas estatísticos, Felipo Bacani, no tratamento dos dados quantitativos, e Beatriz Viseu, na confecção do mapa. Aproveito para agradecer à revisão criteriosa feita por Lina Mendes. Agradeço às instituições pelas quais passei como estudante: Unicamp, Ufscar e, nesta última etapa, a USP. Esses foram os espaços em que me formei, mas também onde ganhei jeitos novos de ver o mundo, amigos e professores que me inspiraram. Presto uma homenagem especial à moradia estudantil da Unicamp, onde vivi durante a graduação, essencial como assistência, mas também fundamental como vivência intelectual, politica e social. Graças a esse apoio no começo, pude chegar até aqui. Aos professores e professoras de Sociologia entrevistados que, gentilmente, cederam seus tempos e compartilharam suas experiências comigo. À minha família, pelo apoio incondicional nessa jornada tão introspectiva. Aos m...

A experiência do grupo de extensão da USP \"Sociologia em Movimento\": reflexões sobre a sociologia na formação dos jovens

“…Existe, portanto, uma construção social do currículo escolar, que sofre influência do contexto histórico, social e político. Marpica (2018) realizou, há pouco tempo, um estudo sobre professores e professoras de Sociologia do ensino médio paulista, no qual aborda de maneira rica, densa e profunda as recentes disputas políticas e econômicas em torno da construção do currículo do ensino médio, considerando os cenários brasileiro e mundial contemporâneos. Sabendo do percurso de idas e vindas da Sociologia como componente curricular da educação básica brasileira, a pesquisadora realça um aspecto interessante na história desta disciplina, afirmando:…”

A escola em disputa na reforma do Ensino Médio (Lei nº 13.415/2017): de que falam os estudantes e o MEC?

“…De abordagem qualitativa, a investigação se baseia em pesquisas bibliográficas, análises documentais e pesquisa de campo, na qual foram realizadas entrevistas com professores de Biologia da rede pública da cidade de Jaguaribe, Ceará, que atuam no Ensino Médio. As análises ressaltam que a reforma responde a demandas mercadológicas, a partir de uma concepção neoliberal, fragilizando o ensino da disciplina àqueles que optarem por outros percursos formativos.A Sociologia é enfocada na tese deMarpica (2018), cujo principal objetivo foi compreender as especificidades da docência nesta disciplina, que teve sua obrigatoriedade instaurada em 2008 e colocada no Novo Ensino Médio na condição de estudos e práticas obrigatórias. Com base em dados quantitativos e qualitativos, a partir de entrevistas com professores da rede de ensino estadual paulista, os resultados apontam para falta de referências comuns e frágeis condições de trabalho, com grande carga de atividades e baixos salários aos professores.Nesse primeiro bloco, pode-se destacar alguns aspectos gerais a respeito das investigações realizadas.…”