INTRODUÇÃOA esofagectomia é procedimento cirúrgico complexo e tradicionalmente associado à morbidade significativa, tendo como principal indicação o tratamento da doença maligna. Neste caso, apesar dos progressos em outras modalidades terapêuticas, a esofagectomia persiste como tratamento de escolha em pacientes com tumores potencialmente ressecáveis, tanto com intento curativo quanto paliativo. Entretanto, na afecção maligna, cerca de 75% dos pacientes já apresentam doença avançada no momento do diagnóstico 24,25,59,62 . O câncer de esôfago figura entre os tumores sólidos mais letais, sendo referido universalmente como a sexta causa de morte dentre as neoplasias. Conforme estimativa do Instituto Nacional do Câncer -INCA, no Brasil são previstos registros de cerca de 10640 casos no ano de 2008.Atualmente, a seleção apurada de pacientes, associada ao aperfeiçoamento da anestesiologia, do rigor técnico e do manejo pré e pós-operatório em unidades de terapia intensiva resultaram em melhora significativa nas taxas de morbi-mortalidade destes pacientes 5,46,62 . Da mesma forma, a literatura evidencia que os bons resultados em procedimentos cirúrgicos complexos como a esofagectomia são volume dependentes 11,39,43,57 , com taxas de mortalidade hospitalar em serviços de excelência inferiores a 5% 62 .Após ressecção cirúrgica com intuito curativo, taxas de sobrevida em cinco anos são referidas entre 10 e 40% na maioria dos serviços de excelência. Já no Japão, Akiyama, entre outros, há muito refere resultados mais alentadores em cinco anos1. Por outro lado, visto o prognóstico reservado em nosso meio, é imperiosa a manutenção da qualidade de vida destes pacientes, concentrando esforços na prevenção de complicações que possam causar morbidade. Dentre estas, a mais temida é a deiscência da anastomose cervical, que é o calcanhar de Aquiles desta operação, com manifestações que oscilam entre a ocorrência benigna de sinus ou fístula até apresentações graves como mediastinite e óbito.Este estudo tem o objetivo de apresentar nova alternativa técnica de anastomose cervical visando diminuir a ocorrência de deiscência e consequentemente melhorar os resultados finais das esofagectomias (4):158-63 RESUMO -Racional -O câncer de esôfago é a sexta causa de morte relacionada à neoplasia no Brasil, e a esofagectomia quando factível é um dos pilares do tratamento, tanto com intento curativo quanto paliativo. A fístula cervical é complicação comum do procedimento e tem incidência entre 0,8 e 47, 6%. Objetivo -Testar a eficiência de uma alternativa técnica para a diminuição desta ocorrência. Métodos -Análise prospectiva de 126 pacientes alocados em dois grupos de acordo com a técnica utilizada para a anastomose esofagogástrica cervical. O grupo A, composto por 96 pacientes, teve a anastomose cervical realizada em dois planos, camadas mucosa com sutura contínua de fio categute cromado 3-0 ou caprofyl 3-0 e seromuscular com pontos separados de seda 3-0 agulhada, de forma tradicional, após ressecção prévia das extremidades redundantes do esôfa...