RESUMOO processo de doação de órgãos é composto por diferentes etapas, dentre as quais a entrevista familiar que é realizada por coordenadores avançados de transplantes. Este momento comporta grande complexidade emocional, pois se informa sobre a morte encefálica e a possibilidade da doação. Neste contexto, objetiva-se: conhecer as emoções vivenciadas pelos coordenadores de transplantes na entrevista familiar para doação de órgãos. Método: pesquisa qualitativa, descritivo-interpretativa; aprovado pelo Comitê de Ética UFF/HUAP. Coletaram-se dados por entrevista semiestruturada com 24 coordenadores avançados da Central de Transplantes do Estado do Rio de Janeiro, no período de janeiro a maio de 2012. Resultados: As emoções foram: negativas -raiva, medo e tristeza; positivas -amor; imparciais -surpresa; e, negação -não sentir emoções na entrevista. Conclui-se que diferentes tipos de emoções permeiam a entrevista familiar, havendo uma predominância daquelas negativas. Nem todos os coordenadores conseguiram nomear suas emoções, demonstrando a dificuldade de lidarem com as questões emocionais no ambiente laboral. Observou-se que ao identificarem as emoções sentidas, iniciou-se a tomada de consciência das próprias emoções nos participantes.Palavras-chave: Emoções manifestas. Pessoal de saúde. Transplantes. Morte encefálica. Entrevista.
INTRODUÇÃOO processo de doação de órgãos e transplantes é composto por diferentes etapas essenciais, dentre as quais podemos citar a entrevista familiar (EF), que comporta grande complexidade emocional/subjetiva, e é definida como reunião entre familiares do potencial doador (p.d) e um ou mais profissionais da equipe de captação, ou outro profissional treinado, visando obter consentimento à doação (1) . Os coordenadores que começam a realizar entrevistas desejariam encontrar um conjunto de regras para seguir. No entanto, não é possível estabelecer uma lista de regras infalíveis, pois a EF processa-se entre seres humanos que não podem ser reduzidos a uma fórmula ou padrão comum (2) . Desta maneira, lidam com reações positivas no sentido de, eventualmente, surgirem na entrevista familiares esclarecidos sobre a doação de órgãos e o que é a morte encefálica (ME), e também aqueles que -em uma escala maiorlidam negativamente com a ME, seja por não entenderem a forma como ela ocorre, ou por se apegarem à alguma religião para a busca de um milagre, ou por manterem-se passivos ou agressivos diante da possibilidade da doação de órgãos (3) . Além de entrarem em contato com uma gama de reações de familiares do p.d, os coordenadores lidam ainda com a morte, tendo que, em situações não raras, informar a família sobre o óbito de seu ente querido. A este respeito, sabe-se que a ocorrência da morte para os profissionais não é um fenômeno vivido de forma natural, pois vem acompanhada de inúmeras dificuldades que sugerem um sofrimento resultante do contato rotineiro com situações de terminais, sendo quase sempre velado e silenciado (4:2626) . Sustenta-se também, que trabalhar com a finitude aflora as im...