Em torno da educação: a defesa da república

Sob Os Raios Da República: Mulheres Pioneiras No Ensino Superior Jurídico No Brasil E Em Portugal

“…Em Portugal, apenas no século XX admitiu-se uma mulher estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Também no início do século XX, eclodiram, em diversos continentes, movimentos em favor dos direitos da mulher, dentre eles, os sufragistas (PERROT, 1989;GUIMARÃES;FERREIRA, 2009;SCHUELER;RIZZINI, 2021).…”

“…Nascida na cidade litorânea de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, em 1875 e, proveniente de uma família abastada, Myrthes Campos, desde jovem, manifestou interesse pelo estudo das leis, opção que parece não ter contado com o apoio familiar, especialmente do pai, tendo em vista que naquele tempo, no Brasil e nos demais países, a presença da mulher era restrita ao espaço familiar e, fora desse contexto, restringia-se, quando muito, à educação de meninas ou ações ligadas à filantropia. O exercício da advocacia, a partir de uma visão romanista partilhada pela quase totalidade dos juristas, membros do Judiciário e advogados brasileiros, era considerada uma profissão viril (GUIMARÃES;FERREIRA, 2009).…”

“…Contudo, o exercício da advocacia foi marcado por diversos percalços que se iniciaram, de logo, com a necessidade de reconhecimento do diploma de bacharel pelo Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, o que obteve a partir da "ajuda que recebeu de um colega de faculdade, o advogado Vicente de Ouro Preto" (GUIMARÃES; FERREIRA, 2009, p. 137). A próxima etapa, foi o reconhecimento do diploma na secretaria da Corte de Apelação do Distrito Federal que se arrastou por meses, até ser atendido, tendo em vista que o desembargador José Joaquim Rodrigues, presidente da Corte, considerava que o ambiente do foro era impróprio para o chamado "sexo frágil" (GUIMARÃES; FERREIRA, 2009).…”

“…• 86 • EDUCAÇÃO Firme em seu propósito, Myrthes Campos abriu escritório no centro comercial da cidade do Rio de Janeiro. Habilitou-se junto ao Tribunal do Juri e obteve, do Juiz Viveiros de Castro, autorização para atuar (GUIMARÃES;FERREIRA, 2009, p. 137).…”

“…Nunca deixou de escrever em defesa dos direitos das mulheres. Faleceu no Rio de Janeiro, na década de 1960 (GUIMARÃES;FERREIRA, 2009).…”