Predomina um certo consenso de que a desigualdade de renda é um dos principais problemas a ser enfrentado pela administração pública. Assim, este texto desenvolve uma análise inovadora das opiniões dos cidadãos brasileiros, com base nos resultados das pesquisas de Oxfam Brasil e Datafolha, de 2017 e 2019, acerca das desigualdades, comparando convergências e divergências entre essas visões com o conhecimento científico especializado. Os resultados demonstraram alinhamento entre o conhecimento popular e o campo de estudo, no que tange aos conceitos e diagnóstico, a perspectiva de multicausalidade e as alternativas de políticas públicas para o enfrentamento do problema. No entanto, o ordenamento desses fatores varia com os grupos de renda dos brasileiros; isto é, enquanto os mais pobres preferem políticas e investimentos públicos em setores com efeitos imediatos no seu dia a dia, os mais ricos se inclinam para soluções sem custos diretos a eles. Em geral, a população defende a progressividade dos impostos, isto é, os mais ricos pagando mais taxas, contudo, tendem a se excluir deste segmento populacional, ou seja, numa lógica de que ‘os ricos são os outros’, embora as estatísticas demonstrem o contrário. Como conclusão, o trabalho traz reflexões novas para o avanço da compreensão desse fenômeno complexo e dinâmico, mas também para qualificar o debate sobre os limites e possibilidades de atuação da administração pública.