ARTIGO ORIGINAL
RESUMO | Contexto:O conhecimento e a utilização de metodologias de epidemiologia clínica no cenário atual da prática da medicina do trabalho pode ser um diferencial importante para o profissional que atua no setor. Frequentemente, o médico solicita testes ou encontra-se diante de resultados de exames, devendo decidir sobre a validade ou não de um diagnóstico realizado por colegas, muitas vezes, de outras especialidades. O eletroencefalograma (EEG) é um desses exemplos. A Associação Nacional de Medicina do Trabalho/Associação Médica Brasileira (ANAMT/AMB) publicou, em 2016, a diretriz "Epilepsia e Trabalho", visando orientar seus associados. Nessa diretriz não recomenda a utilização do eletroencefalograma no rastreamento da epilepsia. Objetivos: O presente artigo pretende discutir a utilização da razão de verossimilhança (RV) na avaliação clínica de exames médicos, notadamente no EEG, objetivando comparar os resultados obtidos com essa metodologia da medicina baseada em evidências. Métodos: Inicialmente, realizou-se uma busca bibliográ-fica em relação à RV na literatura clássica da medicina baseada em evidência. Posteriormente, fez-se a leitura da diretriz e das referências bibliográficas nela citadas, retirando os elementos importantes para o cálculo da RV. Após calcular a RV, realizou-se a comparação dos resultados. Resultados: Foram obtidas RV entre 2,36 e 43,5% dependendo da metodologia de realização do EEG (inicial ou sequencial). Conclusões: O EEG não mostrou ser importante no rastreamento da epilepsia, sempre tendo valor menor do que a percentagem de falso-positivos, mesmo nos casos em que se considera a especificidade de 98,0%, corroborando as recomendações da diretriz. Palavras-chave | epilepsia; rastreamento; eletroencefalografia; estatísticas de assistência médica.
ABSTRACT | Background:Knowledge of and use of clinical epidemiology methods within the current scenario of occupational medicine practice might make a difference for the professionals who work in this field. Doctors frequently request or receive the results of tests and must decide on the validity or not of diagnoses made by colleagues, often from other specialties. Electroencephalography (EEG) is one example of this situation. In 2016 the National Association of Occupational Medicine/Brazilian Medical Association (ANAMT/ AMB) published the "Epilepsy and Work" guideline to orient its members, which does not recommend EEG for screening. Objectives: The present article discusses the use of likelihood ratio (LR) for clinical evaluation of medical tests, especially EEG, aiming at comparing the results obtained by means of this evidence-based medicine method. Methods: First a literature search on LR was conducted in the classical literature of evidence-based medicine. Next, the ANAMT/AMB guideline and its bibliographic references were analyzed, and relevant elements for the calculation of LR were extracted. LRs were calculated and the results were compared. Results: The LR values varied from 2.36 to 43.5% according to the EEG meth...