A literatura mostra uma relação positiva entre o acesso a programas de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família, e a superação de situações de insegurança alimentar, havendo necessidade de investigar melhor essa associação. O objetivo deste trabalho foi analisar as mudanças na situação de insegurança alimentar e nas condições sociodemográficas de famílias que eram titulares ou não do Programa Bolsa Família nos anos de 2011, 2014 e 2019. Trata-se de um estudo de coorte onde os dados foram obtidos através de um questionário estruturado contendo módulos de informações sociodemográficas, de participação no programa Bolsa Família e de avaliação da Insegurança Alimentar. Os dados foram expressos em frequências simples, e para as análises de associações usou-se o Teste de Cochran, Teste de Friedman e Qui-quadrado. Os resultados indicaram baixas prevalências de segurança alimentar das famílias titulares do Programa, sendo de 30,1% em 2011, 39,7% em 2014 e 46,6 em 2019, expuseram uma piora da renda familiar per capita para toda a amostra ao longo dos anos e demonstraram que 17,8%, 47,9% e 34,2% das famílias titulares do Programa permaneceram seguras ao longo do tempo, vivenciaram a IA em algum período e permaneceram em IA durante todo o tempo do estudo, respectivamente. Os achados do estudo indicam a importância do PBF na melhoria das taxas de IA e no alívio dos impactos sociais provenientes de uma agenda de retrocessos nas políticas públicas, especialmente para aqueles grupos em maior vulnerabilidade.