“É Natural, É Bom! São Frutos Que Vem Da Natureza”: Representações Locais Sobre O Consumo De Plantas Alimentícias Silvestres Em Uma Área Rural Do Brasil

Abstract

<p class="Standard">A dieta de populações humanas em todo o mundo tem passado por mudanças substanciais, ocasionadas por forças não dirigidas provenientes de mudanças tanto no clima e no tempo, como também mudanças no mercado. Tais modificações diminuem a diversidade de alimentos na dieta das pessoas, em especial, nos países em desenvolvimento. Assim, substituem-se alimentos tradicionalmente coletados em ambientes naturais por outros de origem industrial, gerando preocupações sobre sua segurança alimentar. Este estudo realizou uma avaliação qualitativa das representações das pessoas sobre os fatores que podem impulsionar ou frear o consumo de dez plantas alimentícias silvestres mais conhecidas e utilizadas em uma região de semiárida no nordeste do Brasil. O consumo das espécies foi relacionado a representações de benefícios à saúde, geração de sentimentos de bem-estar e cura. Além de relações entre fatores ecológicos e econômicos como, a disponibilidade das espécies no ambiente e a substituição por produtos industrializados, sendo percebidos como limitantes para o consumo. Contudo, mesmo com o consumo descontínuo traz evidência de que plantas alimentícias silvestres continuam fazendo parte da dieta local, sendo um indício dessa permanência em contextos rurais e sua importância, em contraposição a maior parte dos achados que mostram o efeito inverso.</p>

Wild plants and the food-medicine continuum—an ethnobotanical survey in Chapada Diamantina (Northeastern Brazil)

“…These memories may act as bridges between past individual experiences and present life, affecting the way an individual approaches food [59]. For some individuals from rural communities, eating wild foods can elicit positive memories related to early childhood or can cause them to feel more connected to nature [34,60]. In such cases, certain food/medicine items may be culturally important because people can experience strong emotional ties to them.…”

Contribuições e perspectivas da pesquisa brasileira sobre plantas alimentícias silvestres com foco no semiárido

“…de uso convencional, para as quais são relatados seus usos em estudos nacionais e internacionais. Hora et al (2020) delimitam e consideram as plantas silvestres como espécies não cultivadas, mas que podem ser coletadas em "ambientes naturais (incluindo ao redor das residências, rios, lagos, florestas, e até mesmo paisagens agrícolas)". Em contrapartida, Borelli et al (2020), em um artigo de revisão, adotam o conceito de que "o termo 'plantas silvestres' é estendido a todas as plantas alimentícias (incluindo ervas e especiarias) que também são semi-domesticadas, além de produtos alimentícios florestais não madeireiros economicamente importantes".…”

Plantas alimentícias silvestres aquáticas: prospecção científica sobre o potencial nutricional negligenciado

“…Com o passar do tempo, com o advento da agricultura, a ampla diversidade de vegetais disponíveis e utilizados, foi sendo restringida a culturas monoespecíficas. (Raven, et al, 2014;Hora, et al, 2020) Vários fatores podem explicar a seleção de determinadas espécies alimentícias para o cultivo em larga em escala, como por exemplo, a disponibilidade do recurso, o sabor, a facilidade de colheita, condições sociais, dentre outros aspectos.…”

“…Vale ressaltar, que houve um interesse maior por essa temática a partir de 2008 ) e a utilização do termo Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), por Valdelly Kinnup, proporcionou a popularização sobre os usos e possibilidades não somente de plantas alimentícias silvestres, como também espécies vegetais de uso convencional, mas que possuíam outras partes subutilizadas, com igual ou superior valor nutricional comparados com os órgãos vegetativos tradicionalmente consumidos. O termo PANC é bastante difundido no Brasil, no entanto, internacionalmente é mais comum utilizar plantas alimentícias silvestres para designar as espécies "não cultivadas que podem ser coletadas em ambientes naturais" (Hora, et al, 2020).…”