Com o presente trabalho analisamos um poema de Bruno de Menezes, modernista da Amazônia, escrito na década de 1920. Este poema é analisado pela historiografia e pela crítica literária como uma “festa” de negros em que se tem a percepção de características afro-brasileiras. Entretanto, nossa proposta vai no sentido de compreender a narração do episódio enquanto “ritual” espiritual ou religiosidade afro amazônica que contempla características católicas, de religiões de matrizes africanas e de matrizes indígenas. Assim, por meio da reconstrução do episódio não enquanto pessoas dançantes, mas pessoas em transe, compreendemos melhor a cultura, as relações de poder e identitárias deste negro amazônico representado pelo autor. Para isso, reconstruiu-se a biografia do autor, compreendeu-se sua rede de sociabilidade e analisou-se o poema à luz da realidade amazônica da década de 1920.