Ditadura E Educação Agrícola: A Esalq/Usp E a “Gênese” Do Agronegócio Brasileiro

Abstract

RESUMO: Esse artigo teve por objetivo analisar as relações entre a agricultura, a educação superior agrícola e a ditadura do movimento civil-militar de 1964 a 1985, tendo por foco a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), eleita em 2015 a quinta melhor escola de Ciências Agrícolas do mundo. Projetada em 1881 e inaugurada em 1901, ela é uma instituição orgânica do ruralismo brasileiro e foi fundamental para fomentar as políticas agrárias dos governos militares, proporcionando as bases para a criação do agronegócio no país. Com a intervenção do governo dos Estados Unidos e grossos investimentos estatais brasileiros, a ESALQ/USP forneceu conhecimentos científicos, educacionais e de extensão rural para o processo de modernização conservadora do campo, com o regime ditatorial implementando a produção agroindustrial a “ferro e fogo” e conservando as estruturas de origem colonial, como o latifúndio e a alta exploração dos trabalhadores rurais.

Limites e potencialidades de um núcleo de agroecologia no ambiente educacional de um campus de ciências agrárias

“…Segundo Jacob (2011) Segundo Molina (2016), sob uma perspectiva gramsciana, esta instituição apresenta-se historicamente "controlada por intelectuais compactuados com a fração ruralista (oligárquica e latifundiária) da classe dominante nacional, especialmente paulista". Nesse sentido, visando garantir a hegemonia agroindustrial, a formação acadêmica estaria atrelada à "defesa dos interesses da agroindústria", construindo "ideologia, política, economia ou conhecimento científico agronômico, tanto na esfera da burocracia estatal, quanto em empresas da iniciativa privada" (2016: 57).…”

A pesquisa na pós-graduação das ciências agrárias (1995-2010): uma história de expansão e controle capitalista

“…A pesquisa realizada por Sepúlveda, explicitada nas audiências da Comissão da Verdade nos fornece um "pano de fundo" que tem implicações no movimento de estruturação, normatização e institucionalização da pós-graduação no Brasil, bem como de ampliação do fomento, da expansão e da adoção de sistemática de avaliação, cujas diretrizes e bases permanecem ainda hoje. No II Plano (1982-1985 Graduação Brasileira", que contou com a presença de aproximadamente uma centena de profissionais, entre os quais destacavam-se pró-reitores, representantes da comunidade acadêmica, da Associação Nacional de Pós-Graduandos -ANPG, representantes de órgãos públicos e agências de fomento. Na ocasião, a CAPES distribuiu o documento "Discussão da Pós-Graduação Brasileira", contendo onze estudos que haviam sido encomendados previamente, sobre temas que, na perspectiva da Agência, assinalavam aspectos fundamentais para a formulação do IV PNPG.…”

A contribuição do Programa Ponte para uma nova universidade: um estudo de caso

“…Almeida Filho (2008) explicita ainda que, para realizar uma reforma de fato, seria necessário buscar a resoluções de diversas contradições do nosso modelo universitário brasileiro, situando a universidade em seu tempo histórico e recuperando sua contemporaneidade. No primeiro item, "concepção, histórico e atualidade", é realizado um resgate histórico sobre como essa instituição foi concebida, baseado nos estudos de Malavolta (1970) e Molina (2016). É descrito o modo de operação da escola e a vida estudantil em seus primeiros anos, tendo Ferraz (1912) como referência.…”

“…Desta mesma fonte foram retiradas informações sobre sua estrutura atual de funcionamento e missão. Dados sobre o perfil do estudante esalqueano -gênero e escolaridade -foram obtidos na tese de Molina (2016).…”

“…estadunidenses estiveram fortemente presentes na ESALQ fomentando suas tecnologias para agronegócio(MOLINA, 2016). No capítulo 3, foi explicitado como as iniciativas de criação de universidades legitimamente comprometidas com a realidade brasileira foram reprimidas pelas ditaduras.…”