Direitos Humanos Para Quem? Políticas Públicas E Representação Da Gestão Espacial Da Pobreza Urbana Em O Globo

Abstract

RESUMO O objetivo geral do projeto "Representação midiática da violação de direitos e da violência contra pessoas em situação de rua no jornalismo on-line" (CNPq 304075/2014-0) é mapear e analisar representações da situação de rua na produção discursiva dos portais de notícias online de três jornais de circulação nacional - Folha de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense. Para tanto, foi realizado um mapeamento abrangente dessas publicações, com coleta de todos os textos publicados no período considerado para a pesquisa - de 2011 a 2013 - que resultaram das buscas por palavras-chave, levando a cerca de 750 textos. Este artigo toma um foco parcial dos dados do projeto, situando formas como o jornal O Globo representa a população em situação de rua em notícias que tematizam políticas públicas. Os textos foram analisados em seus aspectos verbais e visuais, com ferramentas da análise de discurso crítica e da gramática do design visual. Os resultados analíticos apontam a ênfase das notícias na ocupação do espaço público, tanto nas imagens como nos textos verbais. A naturalização da distribuição desigual de recursos, da separação entre classes e da escassez ao lado do privilégio dá o tom das notícias, pelas relações locativas que se desenham. Há espaços de privilégio que são impenetráveis para segmentos populacionais que não disponham dos recursos condizentes. A desigualdade é normalizada, inclusive pelo recurso da ironia, no caso dos textos verbais.

Análise de Políticas Públicas para as Pessoas em Situação de Rua pela Ótica da Gestão Social ## Analysis of Public Policies for Homeless People Through a Social Management Perspective

“…Apesar desses avanços, percebe-se a ausência dessa população nas discussões e deliberações sobre as políticas públicas direcionadas a si (Barbosa, 2018). Isso leva ao desenvolvimento de políticas tecnocráticas que além de não trazer soluções adequadas, são marcadas pelo caráter assistencialista e expulsivo (Resende, 2018). A ausência dessas pessoas nas discussões políticas é justificada pela dificuldade com que elas têm acesso a informações necessárias para que possam se organizar como grupo, sua heterogeneidade e sua dispersão pelo território que dificulta a sua localização (Lima & Oliveira, 2012;.…”

“…Pensando nos direitos e garantias previstos para todo cidadão brasileiro, a Política Nacional para Pessoa em Situação de Rua prevê a possibilidade de políticas intersetoriais para que esse grupo possa ter pleno acesso aos seus direitos, considerando as suas demandas e modo de vida desenvolvidos nas ruas (Serafino & Luz, 2015). Resende (2018) traz em seu trabalho uma análise de discurso buscando identificar quais atores mais abordam políticas públicas nas reportagens de três jornais online. Com este trabalho, a autora identificou que a voz mais presente, quando se trata de políticas públicas para pessoas em situação de rua, é do Governo, seguido de moradores e trabalhadores locais e a polícia.…”

“…Das 30 reportagens analisadas, observou-se que apenas duas vezes apareceu a voz da pessoa que vive nas ruas. Esses dados demonstram que o Governo é o ator principal no campo das políticas públicas para essa população, seja para atender as necessidades como também na repressão por meio de agentes da segurança Diante das informações fornecidas por Resende (2018), pode-se inferir que o Estado, por meio de seus agentes, é quem mais fala em políticas públicas para as pessoas em situação de rua. Assim, há uma dificuldade de que se alcance uma gestão pública ampliada (Tenório, 2005), pois o segundo e terceiro setores, além das próprias pessoas em situação de rua, encontram-se alijados dos processos de definição dessas políticas.…”