“…Apesar disso, defendemos o ponto de vista, com base na análise apresentada, de que a maioria dos parlamentares alinhados ao governo do PT, os quais defenderam a instalação, a composição e os resultados da CNV, contentou-se com o fato de que a comissão contemplou a política de memória nos termos já descritos. A nosso ver, entretanto, o trabalho de resgate histórico e reabilitação das vítimas realizado pela CNV, apesar de relevante e necessário, não foi suficiente, pois faltou a dimensão da justiça de transição, nos termos em que abordamos na primeira seção do texto (Fernandes, 2015;Hollanda, 2018;Abrão e Torelly, 2012). É oportuno enfatizar que, com relação à dimensão da justiça de transição, o relatório final da CNV seguiu o padrão da chamada transição incompleta ou conservadora, que avança no resgate da memória das vítimas, mas não consegue efetivar plenamente a justiça, visto que a anistia a torturadores e criminosos é mantida (Safatle e Teles, 2010;Abrão e Genro, 2012).…”