“…O português, que só entra nos Colloquia em finais do século XVI, mantém-se, conforme recenseamento de Rossebastiano (1975, p. 63-85), em 21 edições da série octo linguarum, que cobrem todo o século XVII (1598-1692), publicadas maioritariamente no Reino dos Países Baixos (Delft, Haia, Antuérpia, Amesterdão, Midelburgo e Flessingue) 7 , onde se fixaram, desde as décadas de trinta e quarenta do século XVI, cristãos-novos e judeus portugueses fugidos da Inquisição. Foi sobretudo em Amesterdão que a presença judaico-portuguesa de mercadores e ilustres médicos, 6 Mencionam-se apenas alguns trabalhos sobre a tradição do manual de Berlaimont: SWIGGERS, 2013;PABLO NÚÑEZ, 2010;HÜLLEN, 2003;CLAES, 2000;TIMELI, 1992;AUBERT, 1993;ROSSEBASTIANO, 1975ROSSEBASTIANO, , 2000GALLINA, 1959;VERDEYEN, 1925VERDEYEN, -1935 Apesar das importantes relações bilaterais entre Portugal e as nações flamenga e holandesa, a integração da língua portuguesa no meio antuerpiano e depois em território amesterdanês era fraca face à hegemonia do espanhol por força do domínio da coroa de Carlos V (1500-1558) e Filipe II de Espanha. Embora extenso o elenco de obras religiosas e literárias em língua portuguesa saído de prelos judaico-portugueses de Amesterdão 9 , os autores viviam a mesma situação de bilinguismo luso-espanhol existente na corte portuguesa dos séculos XV-XVII; situação característica não apenas do meio literário, mas extensiva ao uso corrente da língua 10 .…”