Neste artigo, discutimos as redefinições nas técnicas de investigação, acusação e condenação de pessoas associadas ao “tráfico de drogas”, ao “crime organizado” e às “facções”, a partir de 2010 em Maceió, Alagoas. Nesse período, a cidade foi enquadrada como capital mais violenta do país, fazendo com que territórios e grupos já vitimizados pela violência letal se tornassem alvos de políticas de segurança mais punitivistas. Objetivamos abordar as experiências de articulação entre Judiciário, Ministério Público e Secretaria de Segurança Pública de Alagoas. Para isso, partimos do caso de uma pessoa incriminada, usando seu processo judicial seus relatos, para dialogar com relatos de atores do Sistema de Justiça e com as informações produzidas nos âmbitos da Segurança Pública em Alagoas e no Brasil. Concluímos que tais reformulações produzem uma zona de suspensão de garantias legais e de indiferenciação entre pessoas que vivem em territórios lidos de antemão sob a perspectiva do crime, do tráfico e da violência.