Fundamentos: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbimortalidade, altos custos com saúde e perdas econômicas importantes. O escore de Framingham tem sido amplamente utilizado para estratificar o risco dos indivíduos avaliados, identificando aqueles com risco maior para que sejam implementadas medidas de prevenção direcionadas para esse grupo. Objetivo: Estimar o risco cardiovascular em 10 anos da população brasileira adulta. Métodos: Estudo transversal, utilizando dados laboratoriais de uma subamostra da Pesquisa Nacional de Saúde. Para calcular o risco cardiovascular, utilizou-se o escore de Framingham, estratificado por sexo. Resultados: A maioria das mulheres (58,4%) apresentou baixo risco cardiovascular, 32,9%, risco médio e 8,7%, risco elevado. Entre homens, 36,5% apresentaram risco cardiovascular baixo, 41,9%, risco médio e 21,6%, risco elevado. O risco aumentou com a idade e foi elevado na população com baixa escolaridade. A proporção dos componentes do modelo de Framingham, por grupos de risco e sexo, mostra que, no risco elevado entre mulheres, os indicadores que mais contribuíram para o risco cardiovascular foram: a pressão arterial sistólica, colesterol total, HDL, diabetes e tabagismo. Entre homens, pressão arterial sistólica, colesterol total, HDL, tabagismo e diabetes. Conclusão: Trata-se do primeiro estudo nacional com dados laboratoriais a estimar o risco de doença cardiovascular em dez anos. Os escores de risco são úteis para subsidiar as práticas de prevenção dessas doenças, considerando o contexto clínico e epidemiológico. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(3):423-431) Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares; Fatores de Risco; Colesterol; Diabetes Mellitus; Hipertensão; Epidemiologia.