por se sentirem em muitos casos culpados pelo abuso sofrido. A manutenção do segredo tem a função de manter o equilíbrio familiar (FLORENTINO, 2015; p.18). A não revelação muitas vezes advém de ameaças dos ofensores, gerando medo nas vítimas de sofrerem possíveis censuras, serem desacreditadas, medo da rejeição e das possíveis perdas dos vínculos familiares e sentimentos ambivalentes em relação ao autor do abuso.Efeitos emocionais severos são evidenciados quando a vítima é culpabilizada pelos pais e familiares, pelos fatos ocorridos (FURNISS,1993). Esses fatores contribuem para a perpetuação do abuso, vinculados em dinâmicas familiares abusivas, podendo ocasionar o que a literatura chama de multigeracionalidade, que é a continuação do abuso por meio de ciclos entre gerações, mudando apenas papeis e personagens (SANTOS E DELL' AGLIO, 2009). A importância do rompimento do silêncio por parte da vítima está na possibilidade da quebra do ciclo do abuso, interrompendo novos episódios de violação sexual. A vítima precisa sentir-se minimamente ampara, protegida, acolhida em sua dor física e emocional, pois, é a partir da revelação que se tornam possíveis a assistência psicossocial e legal as vítimas e familiares, e a prevenção da vitimização de outras crianças (BAÍA et al., 2013, p.18).Com relação à vítima, pode-se afirmar que o silenciamento diante de uma situação que lhe viola, oprime, envergonha e, muitas vezes, desumaniza, constitui uma reação natural à situação vivenciada, posto tratar-se de um "cidadão em condições especiais de desenvolvimento", submetido a uma relação assimétrica de poder (física e/ou psicológica) que, muitas vezes, se estende para além do controle e domínio da vítima propriamente dita (CUNHA; SILVA; GIOVANETTI, 2008, p. 283).Nota-se também que um dos motivos que levam a vítima (adolescente ou adulto), em manter o sigilo é a falta de credibilidade na justiça, pois, na grande maioria dos casos não se cumprem a lei, e a vítima se sente insegura, desprotegida e desamparada, o que acaba interferindo na sua decisão de seguir silenciadas. Esse fato pode levar a vítima a preferir guardar o segredo por muito tempo, quanto mais tardia é a revelação, maiores podem ser os danos psicossociais, ocasionando em consequências severas, drásticas, nocivas as vítimas, decorrente de um silêncio imposto e auto imposto na época do abuso, que podem resultar em impactos graves na vida adulta da vítima. Observa-se que o pacto de silêncio que se estabelece nos casos de abuso sexual contra crianças é um entrave para que este seja impedido e os agressores punidos. A falta de punição e a recorrência do ato sexual violento podem, muitas vezes, levar a criança à morte ou deixar graves sequelas físicas e psíquicas (ROMERO; CAPITÃO, 2007, P. 171). Problemas tanto internalizantes como externalizates, segundo Paolucci e colaboradores (2001) podem surgir, dentre as quais, problemas de conduta, agressividade, comportamento sexual inapropriado, Belém 11 O objetivo da psicoterapia em Gestalt-terapia é fazer com que o cliente tenha cond...