Desvio fonológico e a dificuldade com a distinção do traço [voz] dos fonemas plosivos: dados de produção e percepção do contraste de sonoridade

Abstract

OBJETIVO: comparar os valores de voice onset time (VOT) de fonemas plosivos, produzidos por crianças com desvio fonológico e dificuldade na produção do contraste de sonoridade, classificados como surdos e sonoros a partir de uma análise perceptivo auditiva. MÉTODO: participaram do estudo cinco meninos com desvio fonológico e dificuldade no estabelecimento do traço [+voz] das plosivas. Por meio de pares de palavras (['papa], ['baba], ['tata], ['dada], ['kaka] e ['gaga]) inseridas em frases-veículo, extraiu-se o VOT de cada plosiva. Com base na mesma amostra de fala, foi realizada por três fonoaudiólogas, uma análise perceptivo auditiva, na qual deveriam julgar os referidos fonemas como surdos ou sonoros. Os valores do VOT dos fonemas classificados como surdos foram comparados com os valores de VOT dos fonemas classificados como sonoros utilizando-se testes estatísticos. RESULTADOS: verificou-se diferença estatisticamente significante somente entre os valores de VOT julgados como surdos ou sonoros de [p, d, g] em onset inicial, assim como, entre os três pontos articulatórios. As demais variáveis analisadas não mostraram significância estatística. CONCLUSÃO: de maneira geral, constatou-se que o VOT não é uma pista determinante para a percepção da distinção da sonoridade dos casos desviantes. No entanto, esta pista mostrou exercer influência na discriminação dos fonemas de acordo com o ponto articulatório, também no desvio fonológico. A partir da análise acústica observou-se que: (a) a presença de pré-sonoridade influencia no julgamento da consoante como sonora; (b) a duração do VOT positivo não é decisiva para a distinção de sonoridade e (c) um VOT nulo, na sua maioria, é responsável pela identificação de uma plosiva sonora.

Produção e discriminação do contraste de sonoridade das plosivas nos casos de desvio fonológico

“…That can be confirmed by the percentage of prevoicing, once only one of the children presented the production of voicing bar preceding to burst, confirming the requirement of a complex temporal coordination between glottal (vocal fold vibration) and supra-glottal (oral gestures) events, which was corroborated in another study 3 . In contrast, for the presence of longer vowels in the context of voiced stops, it was observed that despite not in all occurrences of the analyzed words, this acoustic clue was used in the speech of all assessed children, agreeing with the research that was mentioned above…”

“…The introduction of acoustic spectrography in data interpretation of children with phonological disorders, has increasingly established itself as a practical and necessary tool during the speech assessment [1][2][3][4][5][6][7]10,11,[15][16][17][18] . The observation of attempts of correct production of sounds, verified via spectrogram and, which were not previously identified by auditory perceptual analysis, has already been reported and confirmed by many studies of the area 1,5,6,10,11,[15][16][17][18] .…”

“…The distinction between voiceless and voiced and stops is acoustically marked by the absence or presence of absence or presence of pre-voicing or voicing concomitant to burst, i.e., by a positive, negative or zero Voice Onset Time (VOT) [1][2][3] . In addition to VOT, other acoustic signals are also mentioned as being responsible for establishing the voicing contrast, among them, the length of the vowel adjacent to stop 2,4,5 , to burst amplitude 1,5,6 and length of the occlusion preceding to burst 4,5,7 .…”

“…The voicing contrast of stops involves, therefore, a complex temporal-spatial coordination of oral and laryngeal gestures. Such articulatory and acoustic refinement is a hard task for some children with phonological disorders 3,5 and, in addition to impairing also to two schools of public schools in the same city.…”

“…The auditory perception, in turn, can be subdivided into several components such as: detection, sound sensation, discrimination, location, recognition, understanding, attention and memory 2 . Some researches focused on the perception of the listener front some distinct sound acoustic characteristics from those ones observed in adult speech, whether through speech data -in development -in young children 9 , or in children already diagnosed with phonological disorders 3 . In contrast, other studies 1,2,10,11 carried out an investigation specifically about the auditory discrimination in children with difficulties in establishing the voicing contrast of stops.…”