Desenvolvimento de modelo para predição da fração digestível da fibra em detergente neutro para bovinos em condições tropicais

Abstract

Sebastião de Campos VALADARES FILHO 1 RESUMO: Objetivou-se neste trabalho propor modelo para predição da fração digestível da fibra em detergente neutro (FDN) de forragens e concentrados ofertados para bovinos manejados em clima tropical como alternativa ao modelo adotado pelo Sistema BR-CORTE. Foram realizados dois estudos. O primeiro estudo foi conduzido objetivando-se construir modelos que permitam o fracionamento da FDN de forragens e concentrados quanto ao potencial de degradação ruminal utilizando-se de características químicas. Foram utilizadas 371 amostras de forragens e 65 de concentrados. Os modelos construídos para ambos tipos de amostras basearam-se na predição da fração potencialmente digestível da FDN (FDNpd). No segundo estudo objetivou-se construir modelo empírico de predição da digestibilidade da FDNpd. O modelo foi construído a partir de informações de 60 animais recebendo alimentação exclusiva de forragens. A base matemática deste foi construída integrando-se as taxas de degradação e passagem ruminais da FDNpd e aproveitamento médio no intestino grosso. A avaliação comparativa entre o modelo desenvolvido e o adotado pelo Sistema BR-CORTE foi realizada utilizando-se informações de volumosos e concentrados constantes no banco de dados CQBAL 3.0. Conclui-se que o modelo desenvolvido produziu estimativas da fração digestível da FDN mais exatas e precisas para forragens quando comparado ao atual modelo do Sistema BR-CORTE. PALAVRAS-CHAVE: Degradação ruminal; energia; modelagem; nutrientes digestíveis totais. IntroduçãoA avaliação da porção digestível dos componentes orgânicos dos alimentos constitui a etapa inicial no processo de quantificação do valor energético dos mesmos, sobretudo via cálculo dos nutrientes digestíveis totais (NDT), possibilitando balancear dietas que atendam às demandas energéticas de mantença e produção dos animais (DETMANN et al., 2006a).Nesse sentido, com intuito de reduzir ônus, tempo e o labor empregado nos clássicos ensaios de digestão in vivo necessários à obtenção de coeficientes de digestibilidade, temse buscado conhecer estas estimativas utilizando-se da composição química dos alimentos (CONRAD et al., 1984;WEISS et al., 1992;DETMANN et al., 2008).