Desafios enfrentados por pessoas trans para acessar o processo transexualizador do Sistema Único de Saúde

Abstract

A transformação do corpo pode se constituir em determinante social à saúde da população trans. Neste artigo, são analisados três desafios à universalização do acesso ao processo transexualizador do Sistema Único de Saúde (SUS), serviço de saúde específico às demandas por transformação do corpo da população trans. Foi realizada pesquisa qualitativa com dados produzidos a partir de entrevistas narrativas gravadas em áudio. Os atuais desafios são: 1. A distribuição geográfica dos programas com concentração de seis das dez unidades habilitadas para a oferta do processo transexualizador do SUS na região Sudeste, bem como ausência de unidades na região Norte. 2. A realidade de discriminação e desrespeito ao nome social que impedem o acesso aos serviços de saúde. 3 O diagnóstico de transexualismo, que, ao se orientar por normas socialmente construídas para o gênero, impede o acesso aos serviços transexualizadores.

Aprendizagens com signos trans - uma transetopoiese disruptiva

“…In this scenario, researchers such as Bento (2006;2008) and Rocon et al (2016;2019) show how the trans population organizes their discourses in line with the idea of true transsexuality expressed in the diagnostic manuals and the understandings that workers Transsexualizing services have gender, sexuality, and true transsexuality. The script, then, would be a resistance strategy in the face of attempts at discursive interdiction, from which a selection is made of what to say and what to omit about the experiences and experiences with genders and sexuality, to obtain the report which conditions access to hormone therapy services and sexual reassignment surgeries.…”

“…There is a demand for a correspondence between the users and the real transsexual identity thought by the workers. These seek a possible correspondence between the narratives of users and trans users about their experiences, in gender and sexuality, and the truths printed in legislation and diagnostic manuals, which present the measurement of the performance of the binary genre and heteronormativity, by the trans population, as a necessary component of the working process and as a condition of access to health services (ROCON et al, 2019). In this context, a user tells us about the astonishment of a worker when reporting her affective experiences as gays: "But are you a trans man with a man?…”

“…Thinking is not above all reasoning or calculating or arguing, as we have been taught, now and then, but it is above all giving meaning to who we are and what happens to us (LARROSA, 2017, p. 16-17) Disrespect for the social name, episodes of institutionalized transphobia, and pathologization of trans identities have been highlighted by the scientific literature as the main causes of non-access to health services by the trans population (ROCON et al, 2019). Given this scenario, a bet on the insufficient training on the part of health workers as a cause of the issue under consideration emerges in the same literature.…”

Método bola de neve em pesquisa qualitativa com travestis e mulheres transexuais

“…As pessoas trans são as que sofrem maior preconceito e discriminação, tanto em ambiente familiar e social quanto nos serviços de saúde, seja pela transfobia ou pela discriminação atrelada a pobreza, raça/cor, aparência física ou escassez de serviços de saúde específicos. Estar à margem do padrão heteronormativo ainda se configura uma situação de risco em que violações de direitos são cometidas com frequência e por motivações diversas (7)(8) .…”

A familia e a dinâmica de suas relações no cuidado em saúde de transexuais

“…No dia-a-dia dos serviços de saúde, essas normas não operam em pleno funcionamento, o que reflete na dificuldade do acesso universal à saúde pelas pessoas trans (Rocon et al, 2016). Destarte, pode-se perceber que não basta a existência de uma Política Pública para proteção dos direitos das pessoas trans nos serviços de saúde, se não houver mudanças nas atitudes e na formação das pessoas que irão acolhê-las e promover seu acesso e cuidado no Sistema de Saúde (Rocon et al, 2019).…”