A representação de Alexandre Gusmão foi sedimentada por Jaime Cortesão em 1956 no contraponto das visões baseadas nos escritos de Rodrigo Octávio, produzindo uma representação do político que se colocava contra o alinhamento aos Estados Unidos. Esta fabricação estava inserida, também, no metajogo político e historiográfico do Prata e se postava contraparte da historiografia argentina. Além disto, Cortesão estava incorporado ao projeto de autonomia e profissionalização da corporação diplomática, centrado então no IRB, visando inscrever o papel do diplomata na formação do espaço e da identidade brasileira. A criação do IRB também propiciava a autonomia do MRE em relação a um projeto de história compartilhado com o IHGB. No caso, a disseminação da produção do IRB foi dinamizada pelas prescrições deixadas pela 'Comissão Revisora dos textos de História e Geografia'. Ao articular numa mesma perspectiva todos estes metajogos historiográficos e políticos, Jaime Cortesão leva o seu analista a ter de considerar instrumentos teóricos e metodológicos que permitam explicitá-los. Entendo que isto ultrapassa certas considerações usuais em torno dos termos 'Quem e como se faz a história', levando a ter de inquirir os insumos teóricos que serviram a Michel de Certeau de modo a poder pensar as questões da representação do político e do lugar do historiador em relação à escrita da história.
Palavras-chaveJaime Cortesão; História da historiografia; Representação.
AbstractThe representation of Alexandre Gusmão was sedimented by Jaime Cortesão in 1956 in the counterpoint of the visions based on the writings of Rodrigo Octávio and, with this, it produced a representation of the politician which stood against the Brazilian alignment with the United States. This fabrication was also inserted in the political and historiographical metagame of the Rio de la Plata region, and it was placed against part of the Argentine historiography. In addition, Cortesão was incorporated into the project of autonomy and professionalization of the diplomatic corporation, centered in the IRB, aiming at inscribing the role of diplomat in the formation of Brazilian space and identity. The creation of the IRB also facilitated the autonomy of the MRE in relation to a shared historical project with the IHGB. In this case, the dissemination of the production of the IRB was stimulated by the prescriptions left by the 'Comissão Revisora dos textos de História e Geografia'. By articulating all these historiographical and political metagames in the same perspective, Jaime Cortesão leads his analyst to consider theoretical and methodological tools that allow his analysis. I understand that this goes beyond certain usual considerations around the terms 'Who and how history is made', leading to having to inquire about the theoretical inputs that served Michel de Certeau, so that we could think about the issues of representation and the place Of the historian in relation to the writing of history.