A evolução da doença renal crônica é insidiosa e assintomática, porém, seus estágios mais avançados resultam em implicações severas à vida dos acometidos, levando-os, muitas vezes, a crença de estarem sentenciados à morte, principalmente àqueles submetidos à terapia renal substitutiva (TRS), uma vez que, não raro, sentem-se mais vulneráveis a angustia, tristeza e desesperança. Considerando tais perspectivas, este estudo buscou compreender se o sentido da vida do modo como é percebido pelo paciente renal crônico influencia na maneira deste lidar com a doença. Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, fundamentada na abordagem existencialista mediante o método de investigação fenomenológico, realizada em uma instituição particular que presta serviços médico-hospitalares em nefrologia atendendo pacientes oriundos da rede privada e pública de saúde. Participaram desta pesquisa dez pacientes submetidos a algum tipo de TRS, com idades entre 22 e 84 anos, sendo 50% do sexo feminino e 50% do masculino. Os dados foram coletados por meio da técnica de grupo focal. Os resultados revelaram que os pacientes adotaram as seguintes estratégias para lidar com a doença: suporte familiar, aceitação/negação e religião/espiritualidade. O significado atribuído ao sentido da vida é particularizado e relaciona-se a perspectiva presente-futuro, destacando-se: a vontade de viver, amor a si próprio, felicidade, satisfação pessoal e consciência da realidade. Observou-se que ao encontrar um sentido em meio ao sofrimento, o paciente sente-se motivado, adere melhor ao tratamento e nutre expectativas positivas quanto ao futuro. Opostamente, pacientes que não elaboraram essa situação mantêm um discurso de incerteza, desesperança e vazio existencial.