Este artigo descreve a controvérsia acerca da confiabilidade das urnas eletrônicas brasileiras, no contexto das eleições presidenciais de 2018, utilizando a lente teórica e metodológica da Teoria Ator-Rede (TAR) de Bruno Latour e colaboradores. A delimitação do campo empírico abrange o período compreendido entre o resultado final das eleições presidenciais de 2014 até o final pleito eleitoral de 2018. Acerca disso este trabalho tenciona a relação entre a participação democrática na escolha dos representantes do povo e o uso da urna eletrônica como uma mediadora da escolha pessoal e dos resultados das eleições. Metodologicamente utiliza-se a cartografia das controvérsias (Latour, 2016) para captar as movimentações do enunciado “urnas eletrônicas são confiáveis” em frente a um contexto de disputas acirradas que marcou o cenário eleitoral brasileiro. A rede expõe como opera a dinâmica de disputa entre grupos opostos e também como um enunciado é fortalecido e estabilizado em detrimento de outro. A rede permite problematizar que quando se questiona a funcionalidade da tecnociência é possível, por meio de um contexto de democratização técnica (Callon et al., 2014), expandir as fronteiras o debate entre técnicos e leigos para fortalecer o sistema de voto no Brasil.