Introdução: Manifestações neurológicas já foram relacionadas a Covid-19 e são divididas em três categorias: sistema nervoso central (tontura, cefaleia, doença cerebrovascular, convulsão e alteração de consciência), sistema nervoso periférico (anosmia, ageusia, deficiência visual, dor neuropática, síndrome de Guillain-Barré e variantes) e lesão muscular esquelética. A presença, em especial, de cefaleia varia de 2,8% a 71,1% [1], a análise desse sintoma pode contribuir para identificação precoce de casos da doença e para maior entendimento da apresentação clínica do SARS-Cov-2. Objetivos: O objetivo do estudo foi analisar o perfil epidemiológico da cefaleia em pacientes com suspeita clínica ou diagnosticados com Covid-19 através de RT-PCR e/ou sorologia, que fizeram uso do serviço de teleorientação do Projeto de Extensão Orienta Covid ES HUCAM-UFES no período de Junho a Agosto de 2020. Metodologia: Estudo individualizado, de caráter observacional e corte transversal, construído a partir de um banco de dados contendo informações de pacientes com suspeita clínica ou diagnosticados com Covid-19, atendidos pelo serviço de teleorientação, a partir do qual, foram coletadas as características da cefaleia, sintomas neurológicos associados, sequelas pós fase aguda, e a presença de outras comorbidades, relacionando-as com idade, sexo e procedência dos pacientes. Resultados: Foram realizados 88 atendimentos telefônicos, porém, apenas 69 deles apresentavam informações clínicas suficientes para a análise. A maioria dos pacientes atendidos eram mulheres (68,1%), com mediana de idade de 52 anos, a faixa etária similar com outros estudos [2], entretanto, a literatura relaciona o sexo masculino como maioria de casos atendidos. O quadro de cefaleia foi observado em 52,2% dos casos, na maioria das vezes contínua (36,6%), bilateral (44,4%), de moderada intensidade (30,5%), em aperto ou latejante (ambas 14%), a dor bilateral atendendo aos critérios de cefaleia tensional foi um achado comum nesse estudo, estando em consonância com apresentações vistas em outras publicações [3], diversos estudos apontam a cefaleia como sintoma presente em cerca de 15% dos casos [4]. Dos pacientes que apresentaram resultado positivo para COVID-19, 66,7% deles apresentaram alguma sequela pós fase aguda/subaguda da doença, dentre elas: anosmia e ageusia persistentes, esquecimento, doença renal crônica, poliartralgia, alopécia, enxaqueca recorrente e parestesia de membros inferiores. Conclusão: Reconhecer sintomas cardinais da COVID-19 é imprescindível para o aprimoramento do sistema de triagem de casos suspeitos, melhorando a assistência em especial de quadros atípicos da doença. Sendo a cefaleia um sintoma comum na infecção por SARS-Cov-2, a caracterização clínica deve ser bem estabelecida a fim de nortear o atendimento médico visando uma abordagem ágil para diagnóstico. Além disso, a vigilância neurológica deve ser rigorosa para o reconhecimento de complicações agudas e sequelas pós fase aguda.