Decolonizar o pensamento: apontamentos e entrelaçamentos epistêmicos com a Educação Ambiental

Abstract

Resumo: A Educação Ambiental vem produzindo uma narrativa sobre o que é importante considerar em suas análises e as especificidades do lugar em suas relações com a cultura local. Este artigo traz elementos sobre a emergência de uma abordagem pós-colonial para se repensar esses e outros aspectos da Educação Ambiental. As inferências diretas as dicotomias, aos esssencialismos e as dogmatizações problematizam os efeitos da colonialidade seguida da modernidade, com referência à Educação Ambiental. O modo "menor" de vida se constitui em uma variação contínua, um devir criativo de desvio de uma constante, logo numa pluralidade singular de práticas que se verificam nos modos de existência, nas relações com o lugar, com as culturas, com as narrativas produzidas, enfim em suas diferentes maneiras descolonizadoras de se relacionar com o Outro. Palavras-chave: Abordagem pós-colonial. Modernidade. Descolonização. Modos de existência. Decolonizing thought: approaches and epistemic interwoven with Environmental EducationAbstract: Environmental Education has produced a narrative in which it is important to consider in its analyzes and the specificities of the place in its relations with the local culture. This article presents elements on the emergence of a postcolonial approach to rethink these and others aspects to Environmental Education. Direct inferences to dichotomies, to essentialisms and dogmatizations problematize the effects of coloniality followed by modernity to rethink environmental education. The "minor" way of life is constituted as a continuous variation, a creative becoming of the deviation of a constant, thus in a singular plurality of practices that are verified in the modes of existence, in the relations with the place, with the cultures, with the narratives produced in their different decolonizing ways of relating to the other.

A Educação Ambiental e a Decolonialidade: um diálogo possível?

“…O mapeamento possibilita visualizar que, em apenas seis fontes de divulgação, de um total de quinze, forneceram dados que atendiam aos critérios para a coleta. Os artigos levantados demonstram maiores concentrações nas plataformas Web of Science e na Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (REMEA), e ainda revelam que, entre os onze documentos coletados, seis deles foram desenvolvidos por dois autores principais: Martha Tristão (2016Tristão ( , 2019 e Celso Sanchez (2019).…”

“…O diálogo cultural repercute na elevação das subjetividades e imaginários simbólicos a partir de um estado de valorização dos seus elementos, para além de um caráter de transgressão, a produção de monoculturas, a educação aqui efetivada é aquela que desponta para práticas capazes de expandir e fortalecer as identidades, as territorialidades, as memórias e as narrativas a partir da pluralidade das relações estabelecidas dinamicamente com o ambiente. Ao reconhecer o estado de constante mutabilidade e ressignificação das identidades e narrativas, a EA rompe com ideias essencialistas que circunscrevem as culturas originárias como entidades fixas e imóveis cujas produções devam ser cristalizadas em sistemas museológicos (TRISTÃO, 2016).…”

Aproximações entre a educação ambiental crítica e a práxis decolonial de Amílcar Cabral

“…Diante disto, a dialética da Teoria Crítica na Educação Ambiental se dá diante da possibilidade de compreender as problemáticas ambientais a partir de uma apropinquação da economia política, buscando nas divisões de classes os elementos e estratégias que pautam os contextos sociais e políticos que permitem com que os detentores dos meios de produção trabalhem na manutenção das desigualdades socioambientais (COSTA; LOUREIRO, 2019). Longe de maximizar a dimensão cultural a ponto de a desvencilhar das esferas sociais, alguns estudos no âmbito da Educação Ambiental Crítica buscam confrontar a interpretação de problemáticas ambientais que historicamente vêm privilegiando as teorias de classes a partir de enfoques culturalistas e identitários, encontrando nos estudos decoloniais um arsenal teórico e prático para seu (re) pensar (TRISTÃO, 2016;VIEIRA, 2018). A partir disto, este campo do conhecimento torna-se capaz de transcender as relações de poder que assimetricamente foram criadas durante as colonizações a partir de desigualdades distributivas de recursos naturais e matérias primas.…”

“…A partir disto, este campo do conhecimento torna-se capaz de transcender as relações de poder que assimetricamente foram criadas durante as colonizações a partir de desigualdades distributivas de recursos naturais e matérias primas. Neste contexto, a intenção da Educação Ambiental Crítica não é abordar o mérito histórico da questão colonial, mas sim refletir sobre como a colonialidade afirma-se como marca histórica de exploração da natureza e de subjugação dos povos que habitavam os países africanos e americanos (TRISTÃO, 2016;VIEIRA, 2018).…”

Análise Epistemológica Da Produção Acadêmica Sobre Educação Ambiental: A Perspectiva Crítica

“…Uma segunda questão, pela própria dinâmica da graduação, é que ela tende a se retroalimentar da produção do conhecimento, inclusive e sobretudo, daquela produzida no contexto da pósgraduação. (TRISTÃO, 2004;TRISTÃO;VIEIRA, 2017 professor, escola, processo ensino-aprendizagem, relação professor-aluno.…”