A antropologia das emoções constitui um campo consolidado de pesquisa e reflexão nas ciências sociais. Em artigo recente, Ceres Victória e Maria Claudia Coelho (2019) analisam os modos como as emoções passaram a constituir uma área autônoma de estudos na antropologia na década de 1980, sob a influência de Michelle Rosaldo, Catherine Lutz e Lila Abu-Lughod. A importância dessas autoras estrangeiras é imensurável no que se refere aos modos como se organizou a disciplina no Brasil, muito especialmente a partir da noção de "contextualismo", que indica que mais do que possuidoras de características essenciais, as emoções precisam ser interpretadas de acordo ao contexto de sua enunciação, sendo capazes de organizar "micropolíticas", isto é, alterar as relações de poder nas interações. Ao trabalho de Maria Claudia Coelho e Claudia Rezende, autoras de "Antropologia das emoções" (2010), que hoje podemos considerar um livro fundamental na nossa formação acadêmica, somam-se esforços pioneiros, como o do antropólogo Mauro Khoury. No referido artigo, Victória e Coelho (2019) mencionam outros autores nacionais que têm participado desse esforço: Cinthia Sarti, Octávio Bonet, Jane Russo, Susana Durão e Rachel Aisengart Menezes. Além das iniciativas de Adriana Vianna, que tem pensado a relação entre emoções e processos de Estado; Luiz