Da rivalidade à responsabilidade: reflexões sobre a justiça restaurativa a partir da psicanálise

Abstract

Várias modalidades de intervenção têm incluído as relações horizontais, que apostam na circulação da palavra como condição de inscrição de uma distância capaz de aproximar e produzir um laço com o outro. Neste trabalho, iremos contemplar as funções do outro, abordar a relação com o semelhante, destacando os elementos levantados por Lacan em Hamlet, demonstrando que é para além da rivalidade com o semelhante que entra em jogo a realização do desejo de Hamlet (Lacan, 1959/86). Nossa estratégia será pela apresentação de duas cenas de intervenção junto a adolescentes em conflito com a lei, uma delas em um processo de Justiça Restaurativa. Vamos tirar consequências desta análise no que se refere à possibilidade de condições da horizontalidade nas relações, particularmente nas intervenções junto a adolescentes em conflito com a lei, tendo em vista a responsabilidade como uma construção que se opera no encontro com o outro.

Função do semelhante como fundamento do trabalho com as crianças em grupos: uma contribuição para os estudos sobre o desenvolvimento psíquico

“…Apesar de encontrarmos alguns trabalhos que abordam esse tema (Kehl, 2000;Rosa & Cerruti, 2014;Kazahaya, 2014;Bernardino, 2016), eles ainda são escassos e poucos tratam da função do semelhante em grupos com crianças.…”

“…Essa percepção é corroborada porBirman (2003) quando ele escreve que "a fraternidade não pode ser restrita a uma dimensão estritamente familiar, apesar de estar sempre implícita nas leituras psicanalíticas sobre o tema" (p. 95). Ademais, encontramos também outros autores empregando o termo função do semelhante(Rosa & Cerruti, 2014;Bernardino, 2016;Kazahaya, 2014).O termo função do semelhante remete à distinção que Lacan faz entre Outro (grande outro) e outro (pequeno outro, o semelhante). Como já apontamos no primeiro capítulo, o Outro refere--se ao campo da linguagem, desde onde nós nos constituímos enquanto sujeito.…”