À menina-Nina Menina-Nina neta de escravos-guerreiros. Seguiu o lema de teu povo: "Nenhuma gota de seu teu sangue jorrarás sem que apresentes resistência!!!". Menina inteligente, apaixonada pelo conhecimento. Reagiu ao ver o próprio sangue após apanhar de professora. Ah! Menina-Nina, criança subversiva, não tem espaço na escola. Menina-Nina foi expulsa da escola e chorou. Não chora menina-Nina, a vida te reserva um Indiozinho-corredor. Irão se apaixonar, desbravar e ajudar a construir a chamada capital do país. Você há de ler muitos livros. A escola que te expulsa não controlará as reverberações de tal ato. Você educará dentre outros, três lindas meninas: uma encantadora de bebês, uma que utilizará histórias magicamente curadoras para crianças e outra que falará com as mãos. Não chora menina-Nina. Veja o que te espera! Ora, que ignorância a minha. Falar sobre futuro para acalentar uma menina. Não serei eu mais uma a silenciar o choro triste das meninas-Ninas. Chora menina-Nina. Quem sabe teu choro se une ao das meninas negras, pobres, surdas e me acorda para lutar por uma escola que tenha espaço para o singular! Chora menina-Nina! Quero fazer parte daqueles que construirão uma escola em que as meninas-Ninas serão apreciadas por não se assujeitarem! AGRADECIMENTOS Ao Deus de propósitos. Ele me permitiu desejar e me habilitou para realizar o desejo que há muito habitava meu coração. À minha equipe de filhas, Rebeca, Ana Clara, Mariana e Milena. A existência de vocês suscita em mim processos de desenvolvimento. Aos meus familiares pai, mãe, irmãos e sobrinhos por todas as dicas e apoio e por serem companheiros e provocadores de produções subjetivas ao longo de minha história. Ao Victor Felipe, o menino-cigarra, que resolveu cantar em árvores distantes de nós. Obrigada por ter permanecido em nossas vidas durante oito anos e por ter tornado mais feliz esse período. Ao Nilson pela parceria, companhia e por tudo que ainda viveremos. À Cris, minha orientadora, que em nossos processos comunicativos para além da leveza das palavras mantinha uma comunicação desenvolvedora. Aquela que intencionalmente se constitui nas relações de confiança na capacidade do outro. A comunicação desenvolvedora, só é possível quando se conhece o outro e exercita a alteridade. Ela, mesmo conhecendo minhas limitações, fragilidades e percurso histórico, nunca optou pela comunicação assujeitadora, comum aqueles que se consideram em um patamar superior ao outro. Ainda que o assujeitamento não fosse uma escolha adotada por mim durante o processo de desenvolvimento que é o Mestrado, a comunicação desenvolvedora de Cris me acompanhava nos momentos de produção solitária. Afinal, havia alguém que me conhecendo acreditava em mim e essa credibilidade foi minha companheira. Para além do trabalho acadêmico, Cris foi minha conselheira, fonoaudióloga e psicóloga em assuntos maternos. A todos aqueles que, ao longo de minha história, também construíram comigo a comunicação desenvolvedora, minha primeira professora e diretora Íris de Jesus Câmara, papai, Stelinha...