Abstract:ResumoA existência e o significado dos experimentos cruciais são questões que não ostentam consenso na ciência e na filosofia da ciência. Duhem, Popper e Lakatos, por exemplo, apresentam posicionamentos antagônicos entre si e, inclusive, em relação à ideia de instantia crucis explicitada por Francis Bacon no Novum Organum. Este artigo visa resgatar a definição baconiana, reconhecendo que ela faz parte de uma postura filosófica distinta das teses contemporâneas, e discutir algumas concepções de experimento cruc… Show more
“…A noção de experimento crucial remete à ideia baconiana de instacia crucis (Raicik, Peduzzi, & Angotti, 2017a). Francis Bacon, em sua obra máxima, o Novum Organum, publicada em 1620, salienta que essas instâncias podem indicar um caminho a ser seguido quando, "na investigação de uma natureza, o intelecto se acha inseguro e em vias de se decidir entre duas ou mais naturezas que se devem atribuir à causa da natureza examinada" (Bacon, 1979, II, XXXVI, p. 161).…”
Section: A Crucialidade Experimentos Na Controvérsia: Implicações (Se...unclassified
“…As relações entre hipótese e experimentação estão intimamente ligadas ao processo de construção do conhecimento, seja aquele da eletricidade animal, seja o alusivo à eletricidade por contato. Em analogia à concepção introduzida por Francis Bacon (1561Bacon ( -1626 de instantia crucis2, posteriormente traduzida como 'experimento crucial', um experimento pode refutar determinadas explicações ao mesmo tempo em que confirma causas de outra natureza (Raicik, Peduzzi, & Angotti, 2017a). Como Bacon (1979) explicitou, os experimentos cruciais não precisam suspender a busca por novas respostas, a incumbência de interpretação.…”
A controvérsia entre Galvani e Volta, acerca da eletricidade animal, pode ser considerada uma das maiores da história da ciência. Ao longo dessa querela, os pressupostos teóricos de cada um dialogaram proficuamente com inúmeros experimentos desenvolvidos. Os experimentos, carregados de teoria, fizeram do sapo o melhor amigo ou inimigo, por tanto ‘sofrer’) de ambos; satisfazia os desejos de cada um, voltando-se tanto à eletrobiologia quanto a eletrofísica. Resgatando sucintamente este embate, esse artigo discute alguns experimentos desenvolvidos por esses dois estudiosos, que ilustram a concepção steinleana de experimentação exploratória, ressalta alguns aspectos relativos à Natureza da Ciência nesse percurso, discorre em que sentido alguns experimentos podem, em princípio, serem considerados cruciais na controvérsia e evidencia implicações para o ensino de ciências.
“…A noção de experimento crucial remete à ideia baconiana de instacia crucis (Raicik, Peduzzi, & Angotti, 2017a). Francis Bacon, em sua obra máxima, o Novum Organum, publicada em 1620, salienta que essas instâncias podem indicar um caminho a ser seguido quando, "na investigação de uma natureza, o intelecto se acha inseguro e em vias de se decidir entre duas ou mais naturezas que se devem atribuir à causa da natureza examinada" (Bacon, 1979, II, XXXVI, p. 161).…”
Section: A Crucialidade Experimentos Na Controvérsia: Implicações (Se...unclassified
“…As relações entre hipótese e experimentação estão intimamente ligadas ao processo de construção do conhecimento, seja aquele da eletricidade animal, seja o alusivo à eletricidade por contato. Em analogia à concepção introduzida por Francis Bacon (1561Bacon ( -1626 de instantia crucis2, posteriormente traduzida como 'experimento crucial', um experimento pode refutar determinadas explicações ao mesmo tempo em que confirma causas de outra natureza (Raicik, Peduzzi, & Angotti, 2017a). Como Bacon (1979) explicitou, os experimentos cruciais não precisam suspender a busca por novas respostas, a incumbência de interpretação.…”
A controvérsia entre Galvani e Volta, acerca da eletricidade animal, pode ser considerada uma das maiores da história da ciência. Ao longo dessa querela, os pressupostos teóricos de cada um dialogaram proficuamente com inúmeros experimentos desenvolvidos. Os experimentos, carregados de teoria, fizeram do sapo o melhor amigo ou inimigo, por tanto ‘sofrer’) de ambos; satisfazia os desejos de cada um, voltando-se tanto à eletrobiologia quanto a eletrofísica. Resgatando sucintamente este embate, esse artigo discute alguns experimentos desenvolvidos por esses dois estudiosos, que ilustram a concepção steinleana de experimentação exploratória, ressalta alguns aspectos relativos à Natureza da Ciência nesse percurso, discorre em que sentido alguns experimentos podem, em princípio, serem considerados cruciais na controvérsia e evidencia implicações para o ensino de ciências.
“…Ao que se refere às publicações em periódicos de ensino de ciências que analisam ou descrevem experiências utilizando materiais e/ou ações de DC em sala de aula, percebe-se um significativo número de trabalhos que a relacionam com questões metodológicas de ensino (VIEIRA, 2010;CORREIA, BOLFE e SAUERWEIN, 2016;BORIM e ROCHA, 2017;SILVA e ZANOTELLO, 2017;LIMA e GIORDAN, 2018;PARRA e KASSEBOEHMER, 2018;MICELI e ROCHA, 2019;ALMEIDA, 2020). Essa preocupação com o como fazer ou se apropriar da DCcomo apresentado em Reznik et al (2014), Schmiedecke e Porto (2015), Roxael, Diniz e Oliveira (2015), Busko (2019) é bastante relevante, visto o papel que essa forma de socialização e construção de conhecimento desempenha na sociedade.…”
A Divulgação Científica, em geral, tem estado cada vez mais presente no cotidiano das pessoas de diferentes setores da sociedade. As inovações tecnológicas e científicas fazem com que essa divulgação se faça presente não apenas entre divulgadores e a sociedade, mas, inclusive, no ensino de ciências. Tendo em vista essa estreita relação, atestada pela literatura, desenvolveu-se um projeto que visou articular referenciais de Divulgação Científica e Educação Científica, sobretudo relativos à História, à Filosofia e à Natureza da Ciência. Este artigo visa relatar, portanto, como atividades e ações de um projeto de extensão, articulado a um Trabalho de Conclusão de Curso, contribuíram para a formação inicial de uma pesquisadora e divulgadora científica na Licenciatura em Física. Em síntese, evidencia-se que é possível e pertinente que se articule a formação inicial de uma pesquisadora com a formação de uma divulgadora das ciências; o que, aliás, torna-se um diferencial na formação docente.
“…Em conformidade, a escolha da epistemologia de Laudan se justifica pelo reconhecimento da comunidade do ensino de ciências sobre o seu valor históricofilosófico para fundamentar as investigações acadêmico-científicas em todos os níveis de ensino (Batista & Peduzzi, 2019;Ostermann et al, 2008). Da mesma forma, as contribuições da história e filosofia da ciência para o ensino correspondem: à ressignificação de conteúdos científicos via contextualização histórico-filosófica da ciência; ao desenvolvimento, implementação e avaliação de estratégias de ensino; à promoção do pensamento crítico, em e sobre as ciências (Batista & Peduzzi, 2022a;Batista & Peduzzi, 2019;Raicik, 2019). Isto é, um pensamento que instrumentaliza o exercício pleno da cidadania através do modo racional, prático e reflexivo de pensar e tomar decisões frente às diversas situações-problemas contemporâneas, especialmente o combate a injustiça social que desumaniza o mundo e o enfrentamento de problemas naturais emergentes, por exemplo, o aquecimento global e as mudanças climáticas.…”
Este artigo contextualiza saberes da NdC mediante a exploração do conteúdo da história conceitual da ciência, buscando enfrentar a problemática fomentada pela ideia de “visão consensual” de aspectos, características e/ou princípios da NdC, que devem informar o currículo escolar e o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula da educação científica. Teórico-metodologicamente, este artigo está fundamentado na epistemologia da solução de problemas de Laudan; em uma extensa investigação acadêmico-científica; e nos aspectos metodológicos da moderna historiografia da ciência. Como resultados, são contextualizados mais seis vínculos epistemológicos, de vinte e um saberes da NdC, que reforçam o caráter da não neutralidade da ciência, em seus respectivos contextos de desenvolvimento. Como considerações complementares, ampliam-se as discussões sobre: (i) a superação do ensino de simples afirmações declarativas dos saberes da NdC em sala de aula; (ii) a proposição da validade epistemológica de saberes da NdC, através da contextualização histórico-filosófica; (iii) a ideia de evitar distorções desses saberes, evidenciando sua natureza contextual; e (iv) a demonstração do potencial que a visão de ciência de Laudan tem fornecido para as investigações no ensino de e sobre as ciências.
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