Currículo Escolar E Justiça Social: O Cavalo De Tróia Da Educação

Abstract

Resenha livre da obra: TORRES SANTOMÉ, J. Currículo escolar e justiça social: o cavalo de Troia da educação. Tradução Alexandre Salvaterra; revisão técnica: Álvaro Hypolito. Porto Alegre: Penso, 2013.

A Educação Bancária E Os Currículos Tradicionais: Algumas Possíveis Aproximações Do Pensamento Freireano Ao Campo Curricular

“…Por fim, vale ressaltar algumas palavras-chave que compõem as tendências tradicionais do campo curricular, de acordo com Silva (2005, p. 17): ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, organização, planejamento, eficiência e objetivos. Como podemos observar, o foco é tão somente no alcance de determinados objetivos, na eficiência do corpo discente e nos bons resultados, deixando de lado, segundo Sacristán (2013), Santomé (2013) e Silva (2005): i) reflexões sociais, culturais, históricas, políticas e ideológicas importantes e necessárias acerca do currículo; ii) conteúdos essenciais para a formação de senso crítico das/os estudantes, já que o objetivo principal é passar nas provas com bons resultados, que independe de uma aprendizagem efetiva; iii) uma construção coletiva dos conhecimentos a serem adquiridos, conferindo ao ensino, na esteira dos apontamentos dessa corrente, uma metodologia reprodutivista, esvaziada e mecânica, baseada na memorização, eficiência e resultados louváveis, indo ao encontro dos ideais neoliberais de educação e formação (cf. WANDERER; MELO; ALFARO, 2023).…”

“…Vale ressaltar, no entanto, retomando os parágrafos anteriores, que embora tenha havido grandes e importantes mudanças no campo curricular e de formação docente, ainda é possível observar uma forte orientação tradicionalista sendo adotada nas salas de aula e nos currículos propriamente, cujos resultados demonstram um claro descompasso com uma educação promotora da autonomia, do pensamento crítico e reflexivo e para uma formação cidadã, humana e integral, conforme já nos apontava Paulo Freire (2020;2021) em suas diversas obras e nos apontam outros autores, tais como Alves (2017), Gatto (2019), Vilela e Selles (2020), Sacristán (2013), Santomé (2013) e Moreira (2021).…”

Política De Currículo Participativa E Justiça Curricular

“…As preocupações manifestadas revelam a urgência de construir um sistema educativo pautado pelos princípios da justiça curricular, em que as diferenças sejam plenamente compatíveis com o reconhecimento, com a existência de uma justiça redistributiva e com a igualdade de direitos e oportunidades (TORRES SANTOMÉ, 2013). A vigilância com relação à garantia de uma educação apropriada para cada estudante em particular, independentemente de suas capacidades intelectuais, físicas, suas etnias, raça, gêneros e classes sociais, é percebida nas pautas que enfatizam as vivências das comunidades quilombolas e do campo, tais como: "Garantir formação continuada com foco em educação escolar quilombola; Assegurar nas instituições escolares uma política de combate à discriminação e preconceito de modo geral; Criar e instituir programa de inclusão digital nas comunidades quilombolas do município a fim de democratizar o acesso dos estudantes do Ensino Médio às novas tecnologias" (REGISTROS DIA E).…”

Currículo Intercultural E Decolonial No Cenário Do Ensino Superior Brasileiro E Latino-Americano

“…Essas, em seu conjunto, constituem um horizonte acerca do que a dinâmica reflexiva da universidade precisa operar, no sentido de que ajuda a sociedade brasileira e latino-americana a se autocompreender em seu modo de constituição histórica, cultural e identitária (RIBEIRO, 1997;WALSH, 2009). Como também ajuda a entender como a questão das mediações pedagógicas colaboram, mais ou menos, para romper com práticas consideradas de dominação, sujeição e opressão, reproduzindo as estruturas culturais e modos de ser cristalizadas ao longo de cinco século de dominação dos colonizadores europeus (FREIRE, 2001;TORRES, 2013).…”