1Em trabalhos anteriores em que analisamos as greves no Brasil entre 1978 e início da década de 1990 constatamos que esse foi um ciclo sem precedentes na história brasileira por suas características e por sua intensidade, tendo atingido entre 1985 e 1992 um dos maiores níveis de paralisações da história dos países ocidentais. O principal argumento desses estudos é de que o ciclo brasileiro comportou-se de forma claramente vinculada às características e ao processo de transição política brasileira para a democracia (Noronha, 1992(Noronha, , 1994.Neste artigo, retomamos o tema reforçando o argumento original, com alguns acréscimos relevantes e correções de ênfases. Apresentamos estatísticas atualizadas até o ano 1 Agradeço à equipe responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Greves do Dieese (SAG-Dieese), especialmente a Victor Gnecco Soares Pagani, Vera Gebrin e Luis Augusto Ribeiro da Costa pela generosa e competente colaboração na organização dos dados, comentários e sugestões; a Pedro Ponce, mestrando no PPG-POL da UFSCar pelo apoio na organização e análise da bibliografia. Sou particularmente grato a Brasilio Sallum pelo incentivo à publicação deste artigo, e por seus comentários à versão preliminar. Por fim, em nome das equipes da UFSCar e do Dieese, agradeço à FAPESP pelo apoio ao projeto Arquivos das greves no Brasil: aná-lises qualitativas e quantitativas da década de 1970 à de 2000 . .