COVID-19 e gestação: manifestações clínicas, alterações laboratoriais e desfechos maternos, uma revisão sistemática de literatura/COVID-19 and pregnancy: clinical manifestations, laboratorial alterations and maternal endpoints, a systematic review of the literature

Abstract

INTRODUÇÃO: COVID-19 é uma doença decorrente da infecção pelo SARS-CoV-2, um novo tipo de coronavírus que teve seu primeiro caso na cidade de Wuhan, China, no final do ano de 2019. Esse vírus gerou a atual pandemia, que acometeu pessoas de todos os sexos e idades, inclusive as gestantes. Sabe-se que na gestação ocorrem inúmeras alterações fisiológicas e imunológicas. Por conta disso, a gestação parece representar um período de maior suscetibilidade a infecções virais. OBJETIVOS: Relatar quais são as principais manifestações clínicas, alterações laboratoriais e complicações maternas registradas até o momento em gestantes com COVID-19, com a finalidade de aprimorar a assistência à saúde do binômio mãe-feto nesse contexto de pandemia. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão sistemática realizada nas bases de dados PubMed Central® (PMC), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO) a partir de 23 artigos publicados no último ano. RESULTADOS: Uma minoria das gestantes foi assintomática, a maior parte desenvolveu algum tipo de sintoma. A sintomatologia apresentada foi diversa, sendo febre e tosse as mais relatadas, enquanto tontura foi o sintoma com menor prevalência. Observou-se que o número de gestantes com quadro grave não foi prevalente. Houve notavelmente um aumento do número de cesarianas por indicação obstétrica e da prevalência de Trabalho de Parto Prematuro (TPP). As alterações laboratoriais prevalentes foram linfopenia e aumento da proteína C reativa. CONCLUSÃO: Observa-se a necessidade de atenção e cuidado às gestantes infectadas pelo COVID-19, tendo em vista a diversidade de alterações e desfechos. Além disso, é importante o desenvolvimento de um olhar aprimorado pela equipe de saúde, sobretudo àquelas com maior possibilidade de agravamento do quadro.

Changes in assistance and care in the pregnancy-puerperal cycle in times of coronavirus / Mudanças da assistência e cuidado no ciclo gravídico-puerperal em tempos de coronavírus

“…All of this aims to strengthen the woman so that she goes through a peaceful and welcoming period. [10][11][12] According to the participants' reports, it can be noticed that facing a pregnancy in a pandemic period, without being able to relate to family and friends, share experiences with other pregnant women, and hold festive events to celebrate the arrival of a new life, intensified negative feelings in women. Thus, even if they have a support network, it is possible that they face unpleasant feelings, which is intensified in contexts of social distance, such as the one currently experienced, as can also be seen in other authors.…”

Gestação e pandemia da COVID-19: Impactos no binômio materno-fetal

“…Sabe-se que da segunda metade em diante da gravidez o desequilíbrio imunológico é ajustado, entretanto, o início da gestação é instável, o que pode gerar grave distúrbio do sistema imune, podendo acarretar aborto ou crescimento fetal anormal, semelhante ao que ocorre em outras patologias viraiscomo a gripe A, em que as grávidas constituíram 1% dos doentes, mas tiveram 5% das mortes (Silva et al, 2020;Lima et al,) Apesar de 19,2% das gestantes contaminadas pelo SARS-CoV-2 serem assintomáticas, nota-se que a maioria desenvolveu alguma alteração, como ruptura precoce de membrana, pré-eclâmpsia e tempo de parto pré-termoprincipais complicações apresentadas. O aumento da incidência de pré-eclâmpsia (acometimento de 13,6% das mulheres grávidas com COVID-19) pode ser explicado pelo dano endotelial acarretado pelo estresse oxidativo placentário somado ao efeito antiangiogênico, que leva à hipertensão, proteinúria, insuficiência renal, aumento de enzimas hepáticas e queda de plaquetas em grávidas acometidas pela forma grave (Souza et al, 2020;Castro et al, 2020).…”

“…ocorreram antes de 37 semanas e 15% antes de 34 semanas (Castro et al, 2020;Liu et al, 2020). Então, no que concerne os desfechos obstétricos, percebeu-se aumento das indicações de parto cesárea em gestantes contaminadas, o que reflete uma preocupação por parte dos médicos com o curso da gestação, além de um receio sobre uma possível contaminação transversal do feto no momento do parto, contudo, nenhum estudo revela tal possibilidade (Castro et al, 2020;Souza et al, 2020).…”

“…Mesmo tendo-se informações limitadas sobre a possibilidade desse tipo de acometimento na SARS-CoV-2, já existem registros na literatura de algumas complicações maternas devido à infecção pelo Coronavírus, como ruptura de membranas ovulares (RPMO), pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e hipertensão. Ademais, pneumonia, baixo peso ao nascer, asfixia, morte perinatal, erupção cutânea e coagulação intravascular disseminada foram algumas das complicações neonatais que ocorreram (Souza, et al, 2020). Outros estudos epidemiológicos também demonstraram uma associação entre infecções virais maternas e desfechos fetais, tais quais: parto prematuro, má-formação do sistema nervoso e cardiovascular, além de corioamnionite (Pereira & Wendt, 2020).…”

“…Outros estudos epidemiológicos também demonstraram uma associação entre infecções virais maternas e desfechos fetais, tais quais: parto prematuro, má-formação do sistema nervoso e cardiovascular, além de corioamnionite (Pereira & Wendt, 2020). Devido à essas repercussões, o Ministério da Saúde identificou as gestantes como grupo de risco por tenderem a mostrar desfechos piores quando contaminadas, sabido que, no período gestacional, várias são as alterações fisiológicas e imunológicas, podendo as gestantes estar mais suscetíveis a infecções virais (Lélis, et al, 2020;Souza, et al, 2020). Mulheres grávidas ou em período puerperal podem apresentar risco aumentado de doença grave, podendo necessitar de cuidados intensivos e ventilação invasiva (Mostardeiro et al, 2020).…”