Cotidiano E Organização Laboral De Trabalhadores De Saúde Em Presídio Federal Brasileiro

Abstract

Como citar este artigo: Brito LJS, Murofuse NT, Leal LA, Camelo SHH. Cotidiano e organização laboral de trabalhadores de saúde em presídio federal brasileiro. Rev baiana enferm. 2017;31(3):e21834.Objetivo: analisar o cotidiano organizacional do trabalho de profissionais da saúde em uma penitenciária federal e a sua influência na saúde desses trabalhadores. Método: estudo exploratório qualitativo com seis trabalhadores da saúde com vínculo efetivo na instituição. Os dados oriundos de entrevistas semiestruturadas foram analisados de acordo com o conteúdo temático. Resultados: os resultados foram agrupados nas categorias temáticas: O cotidiano dos profissionais da saúde para o trabalho na penitenciária federal e A organização de trabalho de saúde na penitenciária federal: divisão de tarefas, baixo controle e sua influência na saúde do trabalhador. A forma de organização de trabalho da penitenciária gera situações ansiogênicas dentro e fora do ambiente de trabalho. O trabalho foi caracterizado como burocrático, sem autonomia e permeado por medo e estado de alerta. Conclusão: os profissionais da saúde que trabalham em uma penitenciária federal percebem as atividades desenvolvidas como tensas, frustrantes e desmotivadoras, podendo acarretar o seu adoecimento pelo trabalho.

The health of men deprivad of liberty in Brazil

“…Health professionals working in prisons perceive activities as tense, frustrating and demotivating, and have a small number of workers, which can lead to health problems, then the need for managers to look at the health of their servers 18 .…”

“…The organization of the work of the health team is affected by hierarchical subordination and control by the security sectors, even in private aspects of the profession, by the low decision-making power and valorization of workers in the work management process, by the bureaucracy, the lack of training and leisure activities, the accumulation of functions, the lack of professionals, the impromptu work routine and unsteady and dependent work rhythm, as well as the extensive workload and climate of constant alertness, tension and fear 18 .…”

Desafios dos profissionais de enfermagem na promoção da saúde no sistema prisional

“…A organização do trabalho prisional é comumente retratada de forma depreciativa e estigmatizante, sendo também considerada arriscada e estressante. Desse modo, o trabalho do profissional da saúde nesse local requer bastante atenção, em razão dos preconceitos, das dificuldades e das limitações laborais decorrentes do próprio ambiente de trabalho fechado (18) .…”

“…Um estudo ainda refere que os arranjos organizacionais de trabalho em ambientes de custódia priorizam os problemas ligados à segurança em detrimento das questões relacionadas à promoção da saúde. Isso leva os profissionais encarregados do cuidado a vivenciarem rotineiramente questionamentos éticos, já que sua prática de trabalho é bastante cerceada (18) .…”

“…Outro problema enfrentado é a ausência do profissional médico, o que dificulta a dinâmica do setor da saúde e afeta diretamente o enfermeiro, devido à exposição maior aos questionamentos e às exigências dos presos, resultando em sobrecarga de pedidos e demandas. A falta de sistematização e de rotina das tarefas faz o trabalho adquirir caráter de improvisação, o que implica tanto dificuldades na sua execução quanto exposição a críticas e/ou represálias por parte dos presos, das pessoas de outros setores ou mesmo do próprio profissional (13,18) .…”