A partir de uma imagem popular que se encontra à venda em muitos centros urbanos brasileiros e que mostra o rosto de um Cristo crucificado ora de olhos abertos, ora de olhos fechados, apresento, neste artigo, uma análise sobre as principais alterações formais ocorridas com essa categoria figurativa. Ao longo dessa abordagem, procurei compreender as imagens em seus contextos originais de produção, mas não isoladamente, e sim em constate diálogo seja umas com as outras, seja com o mundo contemporâneo. Assim, foram consideradas as tipologias da cruz sem a presença do Cristo, do Christus triumphans, do Christus patiens, do Christus dolense do Cristo agonizante, modelos cuja recepção foi avaliada com a intenção de compreender mais profundamente as representações de Bom Jesus de Matosinhos e desse Cristo crucificado que exibe alternadamente os olhos abertos e fechados. Ao final, espero demonstrar como essas imagens sobrepuseram-se e até mesmo se fundiram, sendo recebidas com naturalidade pelos atuais praticantes do cristianismo.