O artigo objetiva problematizar, à luz de estudos histórico-culturais, os diferentes modos como os sujeitos de culturas diversas representam e fazem uso da língua oral e escrita, com vistas a contribuir para a superação da cultura biologizante na abordagem das questões sobre a escrita. Para tal, desenvolveu-se uma pesquisa científica de base teórico-prática. Os resultados apontam que a representação mental e o uso da fala e da escrita não se constituem a partir de padrões universais, configurando-se enquanto processos de apropriação e elaboração da cultura. Tal entendimento implica que diferentes sujeitos socioculturais, com modos de organização e operação mental igualmente distintos, apresentam formas diversas de interação, conceituação e uso da linguagem. A partir de um paradigma contemporâneo, conclui-se que a diversidade de escritas é legitimada e referendada por sistemas mentais plurais metafóricos. Dessa forma, reivindica-se direitos humanos, sociais e linguísticos, uma vez que tal diversidade não pode ser considerada produto de uma condição de anormalidade intrínseca ao sujeito, mas como fenômeno legitimamente produzido, a partir de conhecimentos formulados sobre a escrita.