Controle via agência em plataformas algorítmicas

Abstract

Resumo Este artigo de articulação teórica, baseado em pesquisa bibliográfica, aborda a relação entre controle e agência em plataformas algorítmicas. O controle envolve a coleta e a análise de dados a partir das atividades e interações dos usuários, com o desígnio de discernir padrões e tendências, o que permite antecipar e direcionar comportamentos, correspondendo assim a um aparato de vigilância intensiva e permanente. Ao mesmo tempo, cada usuário possui certo nível de agência, podendo, ao alterar seu curso de ação, influenciar a maneira como ele é apreendido e, portanto, interpelado pela plataforma. Dessa combinação de fatores, emerge um modelo paradigmático de governança algorítmica, consistindo em um modo de controle flexível, modulado de acordo com a agência do usuário, que se expressa na variabilidade de seu input – em outras palavras, um controle via agência.

Mídias Sociais, Desinformação E a Distorção Da Esfera Pública Pela Extrema Direita

“…A partir destas propriedades entende-se que a "esfera pública online plataformizada" opera sobre uma lógica de mercado de dados e comunicação, onde as expressões que acontecem lá são elementos de uma economia voltada aos dados e a comercialização de conteúdo. Assim, a esfera pública online agora existe em um contexto no qual os sistemas algorítmicos operam o direcionamento de conteúdos personalizados baseados nas subjetividades colhidas como dados e operadas como forma de controle de agência de diversos usuários (Castro, 2020).…”

“…As plataformas criam perfis ad-hoc e agrupamentos de usuários que correspondem a comunidades de interesse com base em recortes de dados relativos ao escopo de determinado anúncio ou oferta (Castro, 2020). Estes agrupamentos são como comunidades pautadas em temáticas específicas que contam com usuários que se relacionam com criadores de conteúdo ou influenciadores, cuja atividade de produção de informação estimula a interação com outros usuários e traz receita para as plataformas através da venda de propaganda direcionada e para o produtor de conteúdo por meio da monetização (Castro, 2020).…”

“…Estes profissionais são sujeitos que trabalham com criação e distribuição de informações, cujo poder é baseado nas tecnologias da comunicação (Habermas, 2008). No ambiente das mídias sociais é possível encarar influenciadores e criadores de conteúdos como esses profissionais de mídia, uma vez que fazem parte da lógica de produção de conteúdo das plataformas, tem grande relevância em seus segmentos influenciam a formação de opinião de sua comunidade de interesse, tem um status de autoridade de conhecimento, além de que suas opiniões têm credibilidade e relevância (Castro, 2020). Em uma perspectiva de regimes de informação entende-se aqui que esses atores se apresentam como produtores informacionais, cujos conteúdos funcionam como fonte para a criação de conhecimento.…”

Desinformação e plataformas

“…Cabendo a moderação a uma empresa privada que é parte economicamente interessada no compartilhamento de desinformação, a remoção de conteúdos falsos por parte das próprias Big Techs torna-se, no mínimo, vulnerável (MARTINS, 2020), ainda que se reconheça a importância de frear a circulação de conteúdos falsos. Acrescente-se a isso a não menos grave "opacidade" das atividades realizadas por meio dos algoritmos (PASQUALE, 2015;CASTRO, 2020;HARTMANN;IUNES, 2020).…”