Agradecimentos"Eu não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio: pilar da ponte que vai de mim para o outro." (Mário de Sá-Carneiro, 1914) Sempre quando estou diante de um livro recém-publicado ou de uma dissertação ou tese recém defendida realizo o mesmo cerimonial de aproximação.Primeiro vou às referências bibliográficas para saber por quem o autor se deixou envolver e que, a partir de então, tornaram-se seus parceiros nas linhas que vou ler adiante. Em seguida vou aos agradecimentos para saber quem foram aqueles que influenciaram o autor, que escreveram com ele sua história e que pertencem à sua vida. Estes, diferente dos primeiros que contaminaram o autor com suas idéias, contaminaram-no com emoções.Creio que é incomum, ou no mínimo curioso, começar uma tese de doutorado pelos "agradecimentos". Quando sentei para escrevê-la não sabia ao certo, não tinha definido com clareza seus objetivos, meu foco de análise, mas tinha plena convicção das pessoas que gostaria de agradecer e homenagear.Talvez uma justificativa possível residisse no fato de que sabia, intuitivamente e depois, escancaradamente, que o seu término fazia parte de um ritual de passagem, da conclusão de um ciclo de minha vida pessoal, profissional e acadêmica.Ao longo destes (quase) 40 anos pude experimentar relações que me ajudaram a lapidar minha personalidade e construir minha visão de mundo.Sou filha mais velha de uma típica família de classe média, pai provedor e mãe vi dona de casa, que tinham seus planos para o meu futuro. Quando estes planos coincidiam com os meus, eu era a melhor filha do mundo. O problema era quando isso não acontecia! Meus pais, Verenguer e Neusa, souberam ensinar a nós, seus filhos, valores fundamentais: responsabilidade, respeito, solidariedade, amor, compromisso, lealdade. Se, às vezes, esses valores foram apresentados de forma dura ou enviesada, fizeram da melhor forma que poderiam e isso não é pouco.Com meus irmãos, Edu, Rose e Cláudia, aprendi, a duras penas, que não existe só um jeito de levar a vida. Cada um a seu modo mostrou-me que existem vários caminhos e para cada um, um preço. Com Luísa, Luisinha e, às vezes, "Luísa Margarida", minha sobrinha, relembrei que precisamos dar mais atenção às coisas simples da vida. É impressionante o que uma criança faz com a gente! Sempre fui meio "moleca" e joguei muito futebol na rua e no meu time, jogando no gol, queria sempre o João, meu primo, um craque. Sua espontaneidade e sensibilidade transbordam quando comentamos sobre um filme ou um livro. Aliás um dos mais lindos da minha biblioteca foi presente dele.Se é verdade que existem fatos que a gente nunca esquece, que dizer do primeiro amor, primeiro melhor beijo, primeiro homem. Juntos, eu e Fábio, aprendemos e vivemos a intensidade da experiência amorosa da juventude, época na qual toda manhã, é manhã de primavera.Se a vida pré-universitária me deu as bases da minha personalidade, foi na Universidade que pude explorá-la e enriquecê-la. Os anos de EEFUSP (hoje, EEFE-USP) foram marcantes: aulas, treinos, ...