Contexto Da Violência Conjugal Em Tempos De Maria Da Penha: Um Estudo Em Grounded Theory

Abstract

Objetivo: desvelar o contexto da violência conjugal experienciados por mulheres em processo judicial. Método: pesquisa qualitativa baseada na Grounded Theory, realizado com 29 mulheres em processo judicial por violência conjugal e os nove profissionais que atuam junto a duas Varas de Justiça pela Paz em Casa, na Bahia, Brasil. A coleta dos dados foi realizada no período de janeiro a maio de 2015. Resultados: em que pese a Lei Maria da Penha, o estudo revela que as relações conjugais das mulheres são permeadas por abusos físicos, sexuais, psicológicos, morais e patrimoniais, inclusive expulsão do lar. Conclusão: o contexto de violência experienciado na conjugalidade feminina se manifesta de diferentes formas, passíveis de identificação por profissionais de saúde, o que possibilita ação de cuidado à mulher e enfrentamento da problemática.

Violência De Gênero No Espaço Universitário

“…Também foram destacados nos resultados sentimentos que traduzem impotência, angústia, insegurança, desorientação e tristeza dos trabalhadores de saúde ao se defrontarem com o fenômeno investigado. Estudo realizado na Bahia, sobre violência contra mulheres por parceiros íntimos, concluiu que o espaço da saúde deve oportunizar reflexões acerca da construção social de gênero e das crenças do domínio das masculinidades sobre as feminilidades (25) .…”

Mulheres Vítimas De Violência: Como Olhar Para Um Atendimento Com Fragilidades

“…As vulnerabilidades e o restrito preparo para lidar com ocorrências de violência o que abrange a própria concepção sobre a violência e suas causas (TABELA 2) acabam levando os profissionais de saúde a tomarem atitudes sem querer a omissão frente aos casos de violência, não os adotando como objeto de seu trabalho integralizado aos serviços contra a violência (CARNEIRO et al, 2019) A violência contra a mulher é um enigma da saúde pública constante entre a sociedade (CAVAL-CANTI et al, 2020). As causas existentes, como a falta de capacitação dos profissionais de saúde, fragmentada, a tendência à medicalização dos casos e a precariedade de articulação entre distintos setores da sociedade, transformam o problema em uma situação ainda mais complexa e de difícil abordagem desde a graduação (MOREIRA,2014).…”

“…Desse modo, é importante que o profissional da saúde reconheça que as consequências emocionais da violência afetam toda a vida laboral, pessoal, familiar e social da vítima, interferindo em suas perspectivas de vida (CARNEIRO et al, 2019). Dentro desse contexto adverso, deve-se prestar atendimento de qualidade à vítima, uma vez que a má conduta do profissional pode dificultar ainda mais o caso, provocando a revitimização da mulher.…”

“…De acordo com o Programa Mulher Cidadã (2012), as competências dos serviços de saúde são: fazer o acolhimento para identificar os sinais e sintomas de violência; preencher o protocolo de atendimento do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN); após a avaliação, fazer o encaminhamento para os serviços especializados (CARNEIRO et al, 2019).…”

“…A violência contra a mulher deve ser identificada pelo profissional de saúde e enfrentada como questão de saúde pública. No entanto, existe muita dificuldade para esse profissional identificar o fenômeno e, na maioria dos casos em que se suspeita de violência, tais casos não são investigados (CARNEIRO et al, 2019).…”