Consumo de cocaína, crack e múltiplas drogas: interfaces com a qualidade de vida de usuários

Abstract

O presente estudo teve por objetivo avaliar o uso de cocaína, crack e múltiplas drogas e os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e qualidade de vida de usuários. Trata-se de um estudo do tipo transversal, de abordagem quantitativa, desenvolvido no CAPSad de Ribeirão Preto, SP, por meio de uma amostra clínica composta por 140 clientes do serviço, sendo 54 (38,6%) usuários de crack, 45 (32,1%) de múltiplas drogas e 41 (29,3%) de cocaína.

Condições de saúde dos usuários de substâncias psicoativas

“…A habilidade em manter uma boa qualidade de vida pode ser prejudicada pelo uso abusivo destas substâncias, visto que alguns usuários não conseguem realizar o autocuidado para manter e promover sua saúde. 8 O adoecimento em função do consumo de SPA tem aspectos que vão além dos efeitos no organismo. As representações e os significados sociais que estas substâncias possuem, assim como as expectativas dos usuários, são fundamentais para o desenvolvimento dos agravos que possam vir ocorrer.…”

Caracterização de usuários de substâncias psicoativas e motivos para a internação compulsória

“…fenômeno da reinternação psiquiátrica pode ser atribuído a diversas variáveis como a disponibilidade dos serviços em saúde mental, a severidade da condição de uso, qualidade do tratamento oferecido, as redes sociais do usuário, aspectos sociais e econômicos, Especificamente em relação ao fenômeno da reinternação por decisão judicial, pontuase que este pode refletir os questionamentos acima discutidos acerca da eficácia da proposta de cuidado, as implicações legais e, principalmente, dos aspectos que possibilitam a aplicação da internação compulsória enquanto modalidade de tratamento no Brasil.Outros países que fazem uso de tal estratégia de tratamento não encontraram resultados positivos do processo de internação compulsória, relatando diversas consequências sociais negativas(TANGUAY et al, 2015). Costa (2012) pontua ainda que a internação compulsória, por tratar-se de uma medida que relaciona-se diretamente ao querer do usuário, apresenta altas taxas de reincidência de internação.De acordo comPedroso et al (2016), que desenvolveram estudo sobre índices de recaída após alta clínica, a internação deve ser encarada somente como o início de um processo pertencente a um contexto dinâmico e multifactual da dependência de substâncias psicoativas, sendo que estratégias de atenção psicossocial nos serviços de saúde mental devem ser incluídas após a alta para a manutenção da abstinência.Segundo os autores, nenhuma das medidas e tratamentos adotados durante o processo de internação foi suficiente e efetiva para prevenir a recaída após a alta, visto que o tratamento deve abarcar todas as dimensões da vida do sujeito e não somente ater-se ao período da de substâncias psicoativas se inicia nas unidades de atenção primária, atingindo até cinco tentativas de tratamento antes da realização de uma internação; além disso, os autores pontuam para uma característica de acesso aos serviços de saúde pública no país, destacando que a maioria dos usuários somente era internado a partir da solicitação judicial de seus familiares Jora (2014),. em estudo com usuários de substâncias psicoativas atendidos em um CAPSad, aduziu que os sujeitos atendidos já haviam realizado algum tipo de tratamento anteriormente, evidenciando consequentemente mais de uma tentativa de interrupção do uso.O abandono terapêutico é um dos fatores que contribui para o movimento circular de busca por tratamentos e o consequente número de terapêuticas realizadas, e pode estar associado a diferentes aspectos(JORA, 2014).No presente estudo, os indivíduos com histórico de internação prévias são solteiros, desempregados, adultos jovens e de baixa renda, diferenciando-se em relação a qual tipo de internação foi submetido previamente.…”

Gravidade da dependência de cocaína (Fumada e Inalada) em indivíduos em tratamento ambulatorial

“…O acesso a serviços clínicos fornece um indicador indireto da gravidade da dependência de cocaína (fumada ou inalada) e, sob tal perspectiva, estudo com amostra similar observou associações positivas entre ocorrência de reações adversas agudas do uso da droga em usuários que nunca passaram por serviços de saúde (FERRI et al, 2004). (SCHUCKIT et al, 2006;PAIM KESSLER, et al, 2012;JORA, 2014), além da maior intensidade das alterações comportamentais resultantes dos prejuízos neurobiológicos dessa via de uso (GOLDSTEIN, 1985;HATSUKAMI;FISCHMAN, 1996;KOOB;MCLELLAN, 2016). Dessa forma, tais sujeitos apresentam maiores prejuízos psicopatológicos tanto pelo uso pesado e crônico da droga quanto pelo rápido desenvolvimento da dependência (REBOUSIN;ANTHONY, 2006;CHAVES et al, 2011) (SCHUCKIT et al, 2006.…”

“…A síndrome de dependência da cocaína (SDS) e fissura (CCQ-B) foram correlacionadas com a área Droga (ASI GUINDALINI et al, 2006;KILUK et al, 2013;JORA, 2014;ROY et al, 2017).…”

“…de forma a fortalecer a motivação para o tratamento (MILLER;ROLLNICK, 2001;KANTORSKI et al, 2010;JORA;MANOEL, 2011).…”