Consultoria Colaborativa na Educação Infantil: análise de intervenção envolvendo aluno com autismo

Abstract

Estudos conduzidos no contexto da Educação Infantil (EI) revelam limitações no desenvolvimento escolar e funcional de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Há evidências de que a formação deficitária de professores se constitui em fator de peso para esses resultados. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos de um programa de intervenção, delineado como Consultoria Colaborativa, nas práticas de ensino de uma professora da EI, que atendia um aluno de 4 anos de idade, diagnosticado com TEA. O programa de consultoria, protagonizado por uma pedagoga, foi desenvolvido em seis etapas e contou com a participação da professora de EI, já mencionada, de uma cuidadora e da avó do aluno. Com o apoio de um delineamento de pesquisa multimétodo, envolvendo coleta, análise e integração de dados, de natureza qualitativa e quantitativa, foram avaliados os efeitos do programa de capacitação, no comportamento mediador da professora, como também na participação do aluno com TEA, em três rotinas escolares distintas. Ao término do programa foram registrados aumento na frequência de ocorrência de comportamentos mediadores da docente e mudanças qualitativas na participação do aluno. Registros de validade social indicaram satisfação dos participantes da pesquisa quanto aos efeitos produzidos pelo programa. São colocados em discussão os efeitos promissores das práticas colaborativas na formação docente.

Consultoria colaborativa na Educação Infantil

“…Embora a Consultoria Colaborativa se mostre como uma modelo viável para o trabalho em parceria com as famílias e a educação infantil requeira constantemente sua participação, ainda são escassos os estudos no Brasil sobre essa temática. Na busca realizada a partir do Portal de Periódicos Capes, em dezembro de 2021, utilizando-se os termos "consultoria colaborativa" e "educação infantil" apenas três estudos foram localizados (Baleotti & Zafani, 2017, Gebrael & Martinez, 2012, Souza & Nunes, 2020. A busca a partir dos descritores "consultoria colaborativa" AND crianças OR child* OR toddler OR baby indicou 19 resultados, mostrando que esse modelo tem sido mais explorado em contextos da educação especial (Mendes, Almeida & Toyoda, 2011).…”

“…Uma parceria igualitária poderá potencializar o contexto natural dessas famílias como ambientes promotores de desenvolvimento e saúde (Kampwirth, 2003). Além disso, já há relatos positivos relacionados à oferta de consultoria colaborativa com docentes da pré-escola (Baleotti & Zafani, 2017, Gebrael & Martinez, 2012, Souza & Nunes, 2020 e a viabilidade desse modelo na oferta à distância (Calheiros & Mendes, 2016, Calheiros et al, 2019.…”

O cenário teórico/prático de formação de professores e suas práticas pedagógicas com estudantes autistas: um estado do conhecimento

“…O trabalho D-03, visava avaliar a eficácia de uma proposta pedagógica de intervenção escolar, de cunho colaborativo, na escolarização de uma criança com TEA, regularmente matriculada no Ensino Infantil na cidade de Tenente Laurentino Cruz/RN concluindo, que o sucesso ou fracasso da escolarização da criança com TEA estão condicionados ao planejamento/organização de estratégias de ensino, às adequações realizadas na escola, bem como à formação continuada de professores (SOUZA, 2019).…”

Conhecimento Do Transtorno Do Espectro Autista Pelo Professor Da Educação Infantil E Sua Autoeficácia Docente

“…Não há como incluir um aluno com TEA ou com outra deficiência em sala regular de ensino sem que os profissionais envolvidos estejam capacitados, tenham conhecimentos acerca das características do transtorno e apresentem uma reflexão crítica sobre o sentido da educação e sua finalidade para aquela criança (SERRA, 2004;SCHMIDT et al, 2016;CASTRO;GIFFONI, 2017;OLIVEIRA-FRANCO;SOUZA;NUNES, 2020). Desse modo, ao entendermos o TEA como um espectro que inclui características específicas que se manifestam de diferentes formas, também entendemos que o desafio da inclusão se torna ainda mais complexo.…”

“…Portanto, é evidente o fato de que não há como incluir um aluno com TEA ou com outra deficiência em sala regular de ensino sem que os profissionais envolvidos estejam capacitados, tenham conhecimentos acerca das características do transtorno e apresentem uma reflexão crítica sobre o sentido da educação e sua finalidade para aquela criança (SERRA, 2004;SCHMIDT et al, 2016;CASTRO;GIFFONI, 2017;OLIVEIRA-FRANCO;RODRIGUES, 2019;SOUZA;NUNES, 2020).…”