Considerações sobre o feminino e o real na psicanálise

Abstract

RESUMO. Em suas considerações sobre o feminino Lacan parte da tese de que é um ser que não se submete inteiramente ao Édipo. Privilegiando menos a castração do que a divisão introduzida na menina pelo primado do falo, ele funda suas interrogações a propósito do feminino na divisão da mulher entre os dois gozos. É na medida em que uma mulher não está completamente submetida à lei do significante que haveria a possibilidade de um gozo não-todo referido ao falo. Permanece um inominável, um real que desfruta um outro gozo, suplementar ao falo. A mulher, não inteiramente no simbólico, teria uma relação privilegiada com o real. Trata-se de se perguntar como podemos ler esta relação. Não pretendemos percorrer exaustivamente a teorização do real no ensino de Lacan, mas buscaremos afirmar alguns aspectos fundamentais deste conceito para melhor delimitar o que significa esta relação privilegiada das mulheres com o real.

As perdas e o processo de luto na velhice: um olhar a partir da psicanálise

“…Pensar essas questões de morte e finitude requer, na teoria psicanalítica, a possibilidade de representação ou significação pelo psiquismo (Campos, 2013). O inconsciente, por sua vez,não possui representantes diretos sobre a morte.…”

“…Deve acontecer a elaboração e simbolização da perda, o que torna possível o desinvestimento e a ligação a um objeto substituto. A perda do objeto demanda do sujeito uma elaboração das fantasias conscientes e inconscientes, bem como um redimensionamento das energias e fantasias em busca de um novo equilíbrio (Campos, 2013). Desta forma, na elaboração bem sucedida do luto, o indivíduo desenvolve intensa atividade psíquica para desvincular sua libido de um objeto e direcioná-lo a um novo (Altman, 2011).…”

Masculinidade e feminicídio: uma leitura psicanalítica

“…Referimo-nos aqui, a um tipo de gozo opaco, que não faz conjunto, não é compartilhável, não faz unidade, que não se permite delimitar ou definir. É um acontecimento de corpo que faz enigma e que pode desmanchar os contornos de todos os seres falantes (Marcos, 2011). Este momento no ensino de Lacan é importante porque marca a equivalência entre estas três categorias.…”

O feminino na cena contemporânea: no limiar do corpo e do laço

“…No entanto, como apontara Linaris (2010), a maternidade, enquanto gozo Outro, não se reduz ao falo, ainda que a criança ocupe o lugar de falo para a mãe em determinado momento da constituição de sua subjetividade. Assim, paraMarcos (2011) evidencia ser justamente no romper do semblante que algo do gozo se evoca como desgaste, como a erosão que marca um território; assim, na queda dos 94 semblantes, a…”