Considerações sobre a expansão da indústria de papel e celulose no Brasil a partir do caso da Suzano Papel e Celulose

Abstract

Este artigo aborda a expansão da indústria de papel e celulose no Brasil observada nas últimas décadas, com especial atenção para: o processo de concentração e centralização do capital que afeta as empresas do setor no período; o papel desempenhado pelo Estado neste processo; e o seu impacto no campo. Para melhor fundamentar a análise e situá-la no nível local, são apresentados aspectos da trajetória recente da Suzano Papel e Celulose e de suas principais estratégias de territorialização. Constatou-se o significativo impacto da mundialização da economia na indústria de papel e celulose, o crescimento da produção nacional - com destaque para a celulose, que triplicou o volume produzido nos últmos 20 anos -, a consolidação de empresas mundiais e a expansão do plantio de eucalipto e do mercado “florestal” em diferentes regiões do país. O estudo baseou-se em levantamento de material documental, cartográfico e em pesquisa direta, além da análise de dados estatísticos oficiais e de entidades de representação do setor de produção de madeira, papel e celulose.

Desenvolvimento, conflitos e impactos ambientais: a territorialização da Suzano e a resistência camponesa na mesorregião Leste Maranhense

“…O movimento de produção e reprodução do capital é responsável pela distribuição desigual no espaço e no tempo da valorização das terras agrícolas, do trabalho e dos recursos naturais e está relacionado à emergência de uma série de conflitos no campo. Assim, o campo brasileiro deve ser entendido à luz do seu desenvolvimento geográfico desigual 5 (MARQUES, 2011).…”

Superexploração da força de trabalho, capitalismo dependente e agronegócio: um estudo da terceirização a partir da empresa Suzano Papel e Celulose em Três Lagoas/MS

“…Como corretamente frisou Marques (2015), quanto mais a produção de celulose da Suzano ganha espaço no mercado internacional, tanto mais a empresa amplia a sua territorialização na economia brasileira, "controlando imensas áreas de monocultura de árvores, impactando -em extensão e profundidade -a economia, a política, o meio ambiente, cultura, enfim, a vida em um grande número de municípios nas regiões em que atua" (MARQUES, 2015, p. 140). Exemplar nesse sentido, tem sido o caso de Três Lagoas.…”

“…: Vick(2021).A companhia, fundada pelo imigrante ucraniano Feffer, começa a ganhar destaque a partir da crise de abastecimento entre as duas guerras mundiais 170 , o marca de 30 toneladas diárias de celulose de eucalipto branqueada, e papel com 30% de celulose de eucalipto. E em 1961, a referida companhia dá início à produção de papel de imprimir e escrever utilizando 100% de celulose de eucalipto(MARQUES, 2015, SUZANO, 2020, CELULOSE ONLINE, 2018.A partir da década de 1960 a Suzano já era uma das mais importantes empresas brasileiras de papel e celulose, acelerando o seu processo de internacionalização rumos à novos mercados, exportando para a Argentina em1964. Na década seguinte, em 1974, passa a ser autossuficiente em celulose e a exportar excedentes.…”

“…Importa ressaltar o contraste da proposição da autora em relação à literatura acadêmica que procurou "'explicar a industrialização pela possibilidade em si mesma de fazer os mecanismos de substituições de importações', a TMD explica-o a partir das objetivações reais oriundas da articulação entre a economia mundial e as relações internas das formações econômico-sociai, sob determinadas condições particulares presentes em alguns países latino-americanos"(LUCE, 2018, p. 214).AindaSuzano Papel e Celulose são unificadas sob a razão social de Suzano de Papel e Celulose, resultando na maior Cia. brasileira na produção de papéis de escrever, imprimir e cartões para embalagens(MARQUES, 2015, SUZANO, 2020, CELULOSE ONLINE, 2018.A trajetória da empresa a partir dos anos 1980 passa a ser marcada também por fusões ou associações, também conhecidos como "joint venture" 172 , sendo a primeira entre a Suzano e a Companhia Vale do Rio Doce 173 , resultando na Bahia Sul Celulose S.A., em Mucuri (BA). Essa joint venture implicou no aumento de sua inserção no mercado externo de comodities de papel e celulose.Já no final da década de 1990, alinhado com o objetivo de maximizar o retorno aos acionistas, o Grupo Suzano inicia um programa de reestruturação, a 171 ConformeDreifuss (1981, p. 163): "[...] O IPES passou a existir, oficialmente, no dia 29 de novembro de 1961.…”

“…Em 2005, a empresa adquire a fábrica de produção de carão em Embu (SP) e lança o Projeto de Expansão Mucuri, resultando na entrada em operação da linha 2 de produção de celulose em Mucuri (BA) em 2007, o que fez aumentar a capacidade de produção da empresa de 1,35 milhão de toneladas/ano para mais de 2,8 milhões de toneladas/ano de papel e celulose. No mesmo período a empresa abre escritórios na Suíça, nos EUA e na China (MARQUES, 2015, SUZANO, 2020, CELULOSE ONLINE, 2018).Conpacel e a distribuidora de papéis e produtos gráficos KSR(MARQUES, 2015, SUZANO, 2020, CELULOSE ONLINE, 2018. negócio de celulose e R$ 3,4 bilhões relacionados ao segmento de papel. Ao mesmo tempo, a dívida bruta somava R$ 13,8 bilhões e a dívida líquida, R$ 10,1 bilhões.…”